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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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DIA DA VISIBILIDADE TRANS

Pessoas transsexuais e travestis quando não são mortas, tiram a própria vida, afirma Rainha da Parada da Diversidade

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Pessoas transsexuais e travestis quando não são mortas, tiram a própria vida, afirma Rainha da Parada da Diversidade
Rainha da Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá 2019, Daniella Veyga, afirma que pessoas transsexuais e travestis “quando não são mortas, se matam”. Para ela, são pequenas violências morais que se acumulam e levam a decisão de tirar a própria vida. Entre 2011 e 2019, o Grupo de Gerência de Combate a Homofobia (GECCH), ligado a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT), registrou 40 mortes de pessoas transsexuais, das quais sete foram suicídio.


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“A sociedade conservadora e o conservadorismo estão ligados às mortes das travestis e transsexuais. Quando elas não são mortas, elas se matam, tiram a própria vida. O índice de suicídio entre travestis é muito alto. São coisas pequenas que levam a isso. Muitas vezes, a não colocação no mercado formal de trabalho, o não acesso a uma saúde qualidade”, cita exemplos.

As pequenas violências também se estendem quando é negado o uso de nome social e quando não é permitido o uso de banheiros. “É uma forma indireta de assassinar toda essa população”, conclui ao Olhar Direto

“A gente vê em ascensão as notícias de pessoas trans que estão sendo retiradas de dentro de banheiros porque são trans. Então, o ápice dessa violência é a física”, pontua. No início de janeiro, o caso de Lana Hellen no Shopping Pátio Maceió, em Alagoas, repercutiu em todo o Brasil, quando foi impedida de usar o banheiro feminino. No Twitter, o protesto se deu por meio da hashtag #ShoppingPatioTransfobico.
 
Daniella Veyga durante a Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá 2019.

Para ela, o Governo de Estado contribui para que essas violências morais, e também físicas, aconteçam. A banca de políticos do estado são um reflexo da sociedade mato-grossense que, para Veyga, é conservadora. Por isso, ela avalia que “é muito difícil a gente conseguir aprovar pautas progressistas para a população LGBT de Mato Grosso. É muito difícil a gente dialogar com o próprio Governador”. Daniella é estudante de Direito.

Veyga pontua que a população trans e travesti é tão contribuinte quanto qualquer outro cidadão. Apesar de afastadas do mercado de trabalho, ainda são consumidoras de produtos e, desta forma, contribuem para a economia do estado. A única coisa que essas populações querem é ter segurança, a certeza de que irão conseguir retornar para casa em vida.

“A gente acaba contribuindo com a economia do Estado. De contrapartida, a gente só quer uma coisa, que possam atender a população travesti e políticas de segurança que possam manter essa população viva, que a gente consiga sair de casa e ter a certeza de que vai voltar”, afirma.

Entre 2011 e 2019, o ano de 2018 foi quando houve mais registrou mortes de pessoas transsexuais: todas as sete mortes foram suicídios. Posteriormente, os anos de 2014 e 2017 registraram seis mortes cada. No ano passado, houve uma queda e apenas três pessoas transsexuais foram assassinadas. Confira a relação abaixo entre ano e número de mortes.
2011 - 4
2012 - 5
2013 - 3
2014 - 6
2015 - 4
2016 - 2
2017 - 6
2018 - 7

2019 - 3

Total - 40

De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), a expectativa de vida dessa população é de 35 anos. “A gente tenta viver todos os dias como se fossem o último. Eu conheço algumas amigas que já passaram dos 35 e são privilegiadas porque romperam a marca, romperam a barreira das estatiscas das mortes de travestis e transsexuais”,

O número de transsexuais que morreram no estado ao longo destes 8 anos perde apenas para o gays. No total 52 homossexuais morreram. A próxima letra que “fecha o pódio” são as lésbicas, com oito mortes. O levantamento também traz que duas pessoas heterossexuais morreram por motivações de homotransfobia, assim como um bissexual e um T-LOV. O restante não foi especificado no levantamento.

Visibilidade Trans

Nesta quarta-feira (29), é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade de Transsexuais e Travestis. A data passou a ser comemorada a partir de 2004, quanto ativistas participaram da primeira campanha contra a transfobia no Congresso Nacioal.
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