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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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CONTRA O FECHAMENTO

Estudantes ocupam prédio do Nilo Póvoas e afirmam que sofreram ameaças

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Estudantes ocupam prédio do Nilo Póvoas e afirmam que sofreram ameaças
Mais de 65 alunos da Escola Estadual Nilo Póvoas ocupam o prédio da unidade educacional desde a tarde deste segunda-feira (10) para protestar contra o fechamento. Em entrevista ao Olhar Direto, dois estudantes, que terão suas identidades preservadas, afirmaram que dois funcionários da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) fizeram ameaças contra eles com o intuito de coagí-los a sair da escola. Em uma das ameaças, a saída seria "recompensada" com uma reunião com a secretária de Educação, Marioneide Angélica Kliemaschewsk, no próximo dia 19. Até o momento, a Seduc não se posicionou oficialmente sobre o alegado pelo alunos.


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As ameaças feitas aos alunos aconteceram no período da noite. Os dois funcionários teriam chegado quando a diretora ainda estava na unidade e começado a ameaçar, “em tom muito alto”, para que saíssem da unidade. O tom da ameaça, segundo os alunos, foi para coagí-los e intimidá-los a sair da escola. Eles tentaram gravar um vídeo do momento, mas os funcionários, ao perceberem que estavam sendo gravados, diminuíram o tom.

“Ontem, vieram dois homens, na parte da noite, dizendo ser da Secretaria de Educação, e começaram a ameaçar, em um tom muito alto. [Não temos nomes] porque eles se recusaram a se identificar. Tentaram tirar a gente na força, no grito. Pedimos para eles se retirarem porque estavam todos incomodados e eles foram embora. Dois homens, acompanhados da diretora”, conta sobre como aconteceu. “Era um tom muito alto e grosseiro”, acrescenta.

Esses mesmos funcionários retornaram posteriormente, ainda na noite de segunda-feira, e afirmaram que teriam uma proposta “direta” da Seduc de que eles conseguiriam colocar os alunos na agenda da secretária para um reunião no dia 19. A reunião só aconteceria caso os alunos saíssem imediatamente da unidade educacional. Os estudantes recusaram a proposta.

A ocupação da unidade só chegará ao fim quando o governador Mauro Mendes voltar atrás, segundo um dos alunos. O movimento é cogitado desde o protesto realizado no dia 24 de janeiro na sede da Seduc. Os alunos conseguiram uma reunião somente com a secretária adjunta, com quem já haviam conversado. De acordo com o professor, a secretária Rosa Maria apenas explicou o porquê da decisão de fechar a unidade escolar. Ao Olhar Direto, um dos alunos afirmou que foram apresentados dados de rendimento referentes a 2013 para justificar o fechamento da escola.

“O Nilo Póvoas está abrigando outra duas escolas, a Nova Esperança e o Barão de Melgaço. Estão olhando para o Nilo Póvoas, pegando os gastos das três escolhas juntas e botando somente nas costas do Nilo Póvoas, dizendo que não tem tantos alunos para ter tanto gasto. [Dizem] que não adianta manter uma escola para ficar gastando tanto com poucos alunos”, conta um dos estudantes.

A ocupação não é motivada tão somente pelo fechamento da unidade educacional, mas também pelos cortes que a educação sofre a nível estadual e nacional. “Não é só pelo Nilo Póvoas, mas também [para] se manifestar de maneira contrária aos cortes na Educação, que tem acontecido no governo estadual de Mauro Mendes, e também do projeto federal do governo Bolsonaro, que tem cada vez mais cortado [recursos] da educação”.

O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) está apoiando o movimento. A informação é de Gilmar Soares Ferreira, secretário de Comunicação do sindicato. Gilmar estava na unidade entregando produtos de limpeza no momento em que a reportagem esteve no local.
 

“O Governo não se preocupa [com] e não se responsabiliza pelas condições para oferecer um ensino médio de qualidade. É nesse sentido que nós, enquanto Sintep, não incentivamos a ocupação, mas apoiamos. Apoiamos porque é essa juventude que está aqui e é ela que precisa ser olhada. Isso é um grito de desespero para o Governo, dizendo ‘presta atenção em mim, eu preciso de formação’”, defende Gilmar Ferreira.

O Olhar Direto entrou em contato com a Seduc, referente às ameaças, e aguarda o posicionamento.

Centro de Referência em Educação Inclusiva

O fechamento da escola Nilo Póvoas foi anunciado no início de janeiro e o espaço está previsto para se tornar um Centro de Referência em Educação Inclusiva. Conforme a secretária, ele será utilizado para atender a todo tipo de inclusão, não somente dos alunos portadores de deficiência, como surdos, mudos e autistas, mas também os alunos que encontram-se sofrendo com bullying, depressão, violência doméstica, automutilação e uma série de fatores que acabam interferindo na aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo.

“Pensando no processo histórico e nos 50 anos da unidade, ela será desativada enquanto escola, mas continuará sendo uma unidade educacional da rede estadual de ensino denominada Centro de Referência em Educação Inclusiva Professor Nilo Póvoas”, observou a secretária.

Marioneide acrescentou que a unidade será um espaço para monitoramento e formação de profissionais que trabalham com alunos inclusos; forncerá atendimento com uma equipe múltipla de profissionais; fará fortalecimento do Centro de Apoio e Suporte à Inclusão da Educação Especial (Casies) e do Centro Estadual de Atendimento e Apoio ao Deficiente Auditivo (Ceaada) Professora Arlete Pereira Migueletti; além de atendimento da classe hospitalar, dos projetos Escola Gestora de Paz e Mediação Escolar, entre outras ações.

Reordenamento da rede

A Secretaria de Estado de Educação explica que a desativação da escola Nilo Póvoas faz parte do processo de reordenamento da rede estadual, visando otimizar os recursos financeiros, potencializar os espaços, melhorar a estrutura física das unidades e a demanda do atendimento aos alunos. Segundo a secretária, Mato Grosso, assim como os demais Estados do país, está passando por uma transição demográfica. Isso significa que algumas escolas tiveram redução no número de alunos em idade escolar, na faixa etária atendida pela Seduc, que seriam os alunos dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio.

“Nesta perspectiva, a Seduc tem realizado um estudo técnico por área de abrangência, tentando diagnosticar a realidade do município individualmente e no atendimento dado pelas redes de ensino estadual e municipais em regime de colaboração”, explicou.

Atualizada às 18:07.
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