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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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DADOS DO INPE

Pantanal teve mais focos de calor em um mês do que durante todo ano de 2019

Foto: Jeferson Prado/Sesc Pantanal

Pantanal teve mais focos de calor em um mês do que durante todo ano de 2019
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que somente neste mês de agosto, o Pantanal mato-grossense registrou 5.935 focos de calor. Por pouco este número não é o maior da história registrado em um agosto, só perdendo para 2005, quando ocorreram 5.993 focos.


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Em comparação com 2019, a situação é ainda mais crítica, pois foram registrados 1.690 focos, número 351% menor. O acumulado nos 8 primeiros meses deste ano está em 10.153, contra 10.025 durante todo o ano passado.   

A área queimada também já tomou proporções gigantescas. Somente em agosto foram mais de 1 milhão de hectares queimados conforme dados do INPE, ou seja, no último mês queimou mais que a metade de todo o ano, que soma 1.864.600 de hectares do Pantanal afetados pelo fogo. 

Na década de 1960 houve uma grande seca no Pantanal, que durou alguns anos. A pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU) Cátia Nunes da Cunha, que cresceu na cidade pantaneira de Poconé e sempre visitava a fazenda do avô durante as férias escolares, ainda era criança, mas lembra que foi uma época terrível. "Ouvia conversas dos adultos dizendo que era o fim do mundo", recorda. 


 
Agora a pragmática lembrança volta a se tornar realidade. "Vi animais sofrendo, queimando, ninhos destruídos, floresta e vegetação pegando fogo, anos de investimentos em conhecimento voltou para a estaca zero. Também vi uma tremenda luta dos fazendeiros para que suas moradias não fossem queimadas, estavam apavorados com medo de que o fogo entrasse nas dependências. A força do vento fazia com que as chamas tomassem uma dimensão inimaginável, verdadeiras cenas pirotécnicas, faíscas voavam a longas distâncias e começando outros focos. Essas cenas me chocaram muito". 
 
Relembrando o passado, ela percorreu a região da Transpantaneira no Pantanal mato-grossense durante quatro dias há cerca de duas semanas.  Cátia conta que muitos locais da região estão bastante afetados pela seca. "Estudo o bioma desde a década de 80, lugares que eu nunca havia visto seco agora estão sem água nenhuma. A preocupação que eu tenho é que acontecer isso novamente nos próximos anos ou este é um ano atípico", avalia. 

O tempo seco ainda deve continuar, já que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) não prevê chuva na região para os próximos dias e a temperatura pode ultrapassar 40ºC. Em algumas áreas a umidade pode ficar abaixo de 12% nessa primeira semana de setembro.   

Combate  

Atualmente, 80% dos focos de incêndio no Pantanal Sul-mato-grossense se concentram nos municípios de Corumbá e Porto Murtinho. A Terra Indígena Kadiwéu localizada nesses municípios, foi gravemente afetada. Segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da UFRJ, o fogo atingiu 24% desse território até o dia 27 de agosto.  
 
Já Corumbá segue como o município com mais focos do país, com 4.394 focos durante todo o ano. No entanto, a chuva que caiu na terceira semana de agosto deu uma amenizada no fogo que acometia essa região. 

Por este fato, até o dia 27 de agosto, os esforços para combate ao fogo estavam concentrados em Mato Grosso, onde a situação era mais crítica devido à falta de chuvas. No entanto, o dia 29 de agosto foi preocupante para todas as áreas do bioma, já que ocorreram 760 focos de incêndio e no dia 31 de agosto ocorreram 408. 
 
Uma operação para combater o fogo no bioma foi denominada Pantanal II. É conjunta entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, começou no início de agosto e conta com mais de 400 pessoas. 

Boletim Radar do Fogo 

Este é primeiro boletim sobre a situação do fogo no Pantanal produzido pela Wetlands International. Serão publicadas informações atualizadas periodicamente sobre os números do fogo no Pantanal.

A Wetlands International Brasil desenvolve no Pantanal ações direcionadas para a conservação do ecossistema e incentiva o manejo sustentável pelas comunidades.
 
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