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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Todo cuidado é pouco

Médico alerta que, mesmo com vacina, vírus da Covid-19 pode ser 'carregado' ao tocar em superfície contaminada

Foto: Luiz Alves

Médico alerta que, mesmo com vacina, vírus da Covid-19 pode ser 'carregado' ao tocar em superfície contaminada
O clínico geral, Djullian Baldi, de 25 anos, é um dos médicos que atuam na linha de frente no combate à Covid-19, em Cuiabá e responsável pelo tratamento de pacientes que estão internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Covid, no Hospital Municipal São Benedito. Ele relatou a guerra que trava contra a doença e lança um alerta para os já vacinados: "se você tocar em algo contaminado e não lavar as mãos, você já está levando para casa. E aí você toca na sua mãe, no seu pai e assim acontece a transmissão".


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Djulian é um dos profissionais que estão qualificados a tomar a vacina contra o coronavírus, que chegou em Cuiabá nesta semana, por estar atuando na linha de frente contra à Covid. Apesar disso, afirma que continuará tendo os cuidados necessários e aconselha a população em geral que faça o mesmo.

“Mesmo tomando a vacina, ainda temos que nos cuidar, porque o que as pessoas têm dificuldade de entender, é que a gente não leva um vírus para casa só tossindo ou estando com a doença. Na verdade, se você tocar em algo contaminado e não lavar as mãos, você já está levando para casa. E aí você toca na sua mãe, no seu pai e assim acontece a transmissão. Então, mesmo quem já se vacinou, mesmo quem já pegou, tem que tomar cuidado, porque ainda pode ser um possível transmissor da doença”, explica.

Atualmente, o São Benedito conta com 40 leitos disponibilizados somente para a ala de UTI Covid, que já está com quase 70% dos leitos ocupados, após a nova alta no número de casos do coronavírus em Mato Grosso.

A unidade de saúde está em apoio ao Hospital Referência para a Covid-19 (antigo Pronto-Socorro) desde junho do ano passado. Djulian, que já estava atuando em UTIs, foi convidado e aceitou o desafio. Desde então tem vivido momentos, que segundo ele, são difíceis, mas também de muita alegria, quando os pacientes se recuperam.

“Olhando para trás, vejo que não poderia ter escolhido nada diferente. É uma profissão que me traz muitas alegrias, temos momentos difíceis, mas ninguém esperava passar por uma situação dessa. Foi um desafio muito grande e já faz um ano que trabalho dentro da UTI e a rotina de quem trabalha lá dentro é muito pesada, muito sobrecarregada, principalmente na parte do trabalho físico, quanto da parte emocional. A gente vai para casa, mas não consegue desligar do que acontece lá de dentro”, diz o médico.

O profissional relata que a cada paciente que perde a vida para o vírus comove toda a equipe. “A gente não para nenhum minuto, fazemos várias coisas ao mesmo tempo. O plantão geralmente tem 12h, mas agora vai de cada médico, eu particularmente consigo ficar 24h, até para gente não ficar esgotado, senão prejudica o paciente. O cenário é triste, é uma carga emocional muito grande, porque pelo menos 60% dos pacientes chegam para a gente na maca, falando, conversando, e acabamos tendo um certo apego, não como família, mas criamos uma amizade, um vínculo com eles, e vendo a evolução do quadro, acompanhando os exames, vivemos aquela angústia, a carga emocional é muito grande”, conta.

O médico afirma que não contraiu o vírus até hoje e para continuar assim toma todo o cuidado recomendado. Mas, apesar disso, já passou por momentos angustiantes, quando a mãe e os avós pegaram a Covid. Para ele, o momento de maior tristeza ocorreu há pouco tempo, quando a avó de sua namorada perdeu a luta contra o vírus. Ela estava internada no Complexo Hospitalar de Cuiabá e veio a óbito após 29 dias.

“Desde que eu comecei a trabalhar na UTI Covid, evito ao máximo contato próximo com minha família, tudo para evitar um possível contágio, porque nós que trabalhamos diretamente estamos expostos a um risco muito alto e a gente vê as consequências disso lá dentro. Eu não quero que meu pai e minha mãe estejam naquela situação, então eu evito ao máximo ter o contato físico com eles”, relata o profissional.

Outro ponto que também chama atenção do médico é o fato do número de pessoas jovens estar crescendo nessa pandemia. Apesar de ainda não ter nenhum estudo que comprove, Djulian afirma que tem visto muitas pessoas com idade entre 20 e 40 anos acometidos pela doença. Diante do cenário atual, o profissional ainda pede mais seriedade com relação ao vírus.

“É uma visão de quem está lá dentro todo dia, de que parece que o perfil de pacientes está mudando, temos muitos pacientes jovens. Temos pacientes de 29 anos, 39 anos, e isso é muito preocupante. Meu conselho é que não esperem perder alguém da família para levar essa doença a sério. Porque o perfil é depois que isso acontece, que começa a levar as coisas a sério. Acham que é tudo brincadeira, que os casos não estão aumentando, só que as UTIs já estão lotadas de novo”, ressalta.

Imunidade de rebanho

Essa expressão diz respeito à imunidade coletiva, ou seja, quando já há um número suficiente de pessoas com resposta imunológica a determinada doença, diminuindo sua taxa de contaminação e protegendo grupos que ainda não foram ou não podem ser imunizados.

Para ilustrar de forma prática, vamos relembrar um dos exemplos clássicos de imunidade de rebanho alcançada por meio da vacina: sarampo e poliomielite. Nesse exemplo, a vacinação de 95% da população foi a medida responsável pela proteção de toda a população. 

A OMS alerta que o mundo não deve esperar que uma imunidade de rebanho seja atingida contra a covid-19 em 2021, mesmo com a vacina e sua ampla distribuição no mundo. De acordo com a entidade, esse cenário significa que medidas de restrição, distanciamento e máscaras devem continuar a ser a norma durante todo o ano.

A imunidade de rebanho é atingida quando pelo menos 70% de uma população fica protegida de um vírus. Hoje, nem 10% da população mundial foi contaminada pela covid-19 e, diante dos gargalos na produção de vacinas, a ideia de uma imunização de bilhões de pessoas dificilmente ocorrerá.
 
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