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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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ESPECIAL MULHERES NA PANDEMIA

Jornalista conta desafios de trabalhar com a filha de casa em meio à pandemia

Foto: Reprodução

Jornalista conta desafios de trabalhar com a filha de casa em meio à pandemia
Em meio a um turbilhão de informações sobre a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e com a chegada da doença a Mato Grosso, em março de 2020, a jornalista Fernanda Escouto, de 32 anos, se viu com um desafio: conciliar o trabalho em casa com os cuidados da filha, a pequena Aurora, de três anos. A situação se repete nesta semana, já que ambas apresentaram sintomas da Covid-19, pela segunda vez, e retornaram para o isolamento.


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Pesquisa realizada pela Catho, site brasileiro de classificados de empregos, aponta que as maiores dificuldades para as mães em trabalho remoto são conciliar isolamento social e saúde mental, além da conciliação entre trabalho, tarefas domésticas e filhos.

Antes da pandemia, Aurora costumava frequentar as aulas enquanto Fernanda trabalhava. “Ela já estava acostumada com a rotina dela e eu com a minha”, relata a jornalista.

Com a restrição das atividades em março do ano passado, ambas passaram a ter mais tempo juntas, já que o trabalho da jornalista começou a ser feito no sistema ‘home office’.

“Mudou tudo! Porque além de lidar com meu trabalho em casa, eu tinha uma criança de três anos querendo atenção, sofrendo sem os amiguinhos da escola, querendo mil coisas em um segundo”, lembra. 

No primeiro dia de quarentena, um imprevisto aconteceu. “Ela foi me 'ajudar' com as coisas de casa e jogou água na televisão e queimou o aparelho. Imagina, primeiro dia de quarentena e a gente sem TV. As lojas todas fechadas. Hoje dou risada, mas no dia foi só estresse. Nesse período acho que nunca ouvi tanto a palavra “mããããe””.

Entre os desafios para a Aurora, estava o de entender o que era a Covid-19, que cancelou aulas e também fechou o comércio. “Ela passa alguns finais de semana na casa do pai e foi ele quem explicou sobre o que era o coronavírus e o que deveríamos fazer. Aos poucos ela foi entendendo que não podíamos sair, que não dava mais para abraçar as pessoas, [que deveria] usar máscara e etc. E em casa tive uma grande aliada, que foi a TV (compramos uma nova). Assim a gente foi se ajudando. Mas até hoje sigo explicando algumas mudanças”, conta.
 
Mesmo com os cuidados compartilhados com o pai da criança, Fernanda precisou flexibilizar algumas regras da residência. “A Aurora sempre me entende bem, apesar da pouca idade. Sempre foi só nós duas em casa, então ela sabe que precisa cooperar para as coisas fluírem. Nunca quis que ela assistisse muito tempo televisão ou mexesse em celular. Porém, com a pandemia não tive escolhas”, pontua.

Com isso, veio o sentimento de culpa, já que a diretrizes médicas recomendam no máximo duas horas de tela para as crianças. “A gente sente culpa. Mãe trabalha com a culpa, acho que a vida toda”, lamenta.

Além da ajuda do pai, Fernanda contou com auxílio de uma amiga e da mãe. Entretanto, mesmo tomando todos cuidados, ela e a filha contraíram a doença em junho de 2020. “Foi bem estressante, porque moramos só nós duas. Tive ajuda das minhas vizinhas que faziam comida e colocavam na minha porta, amigos que iam ao mercado para mim. Foi bem assustador, acho que essa doença mexe muito com o nosso psicológico”.
 
Passado a primeira onda da doença e com a estabilização dos casos em Mato Grosso, as redações voltaram ao trabalho presencial, inclusive o veículo de comunicação onde ela trabalha. Diante disse, a jornalista teve que contratar uma babá. 

“Tive que voltar a trabalhar, nisso as escolas ainda não tinham voltado. Mas há pouco tempo coloquei a Aurora novamente na escola no período da tarde. Eu trabalho o dia todo. Então ela fica com a babá pela manhã e à tarde na escolinha”.
 
Ainda na pesquisa realizada pela Catho, das mulheres que disseram ter sofrido piora na saúde emocional, 79% afirmou aumento na ansiedade. A doença mexeu também com o psicológico de Fernanda, que precisava lidar com trabalho, maternidade e cuidados domésticos. 
 
“Foi muito difícil. A doença te faz pensar e ver a morte bem de pertinho, sabe? Eu tive que aprender a aceitar ajuda e me impor mais. Por exemplo, a Aurora passou uns dias com o pai, que estava melhor da Covid-19 que eu naquele momento”, afirma
 
Foi durante este período que ela começou a fazer terapia, o que ela considerou importante para sua saúde mental. “Eu sempre assumi a maternidade para mim. Tive apoio financeiro, mas a maternidade sempre foi minha. Na pandemia eu pirei, acho que como toda mãe deve ter pirado um pouco. Eu estava super irritada, tudo me tirava do sério, rápido demais, sabe? A terapia me ensina - porque ainda faço - a me entender e sentir menos culpa”, desabafa.

No dia em que se celebra o Dia da Mulher, ela diz: “Não preciso ser uma mulher, uma mãe perfeita, modelo Instagram. Eu sou humana, posso errar, falhar, chorar e está tudo bem. Aurora é minha única filha. Eu e ela aprendemos juntas o que é maternidade”.
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