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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Cirurgiã dentista faz apelo por mais profissionais da odontologia nas UTIs de Mato Grosso

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Cirurgiã dentista faz apelo por mais profissionais da odontologia nas UTIs de Mato Grosso
Com o agravamento da pandemia da Covid-19 e o crescimento no número de internações, profissionais da odontologia vem reivindicando maior atenção para a saúde bucal dos pacientes. Uma das defensoras dessa pauta é a cirurgiã dentista Dra. Ana Paula Barbosa, que coloca em foco a contratação de mais odontólogos que atuem na prevenção de novas infecções em pessoas já afetadas pela doença. De acordo com a doutora, apesar da obrigatoriedade, ainda é insuficiente o contingente de profissionais presentes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de Mato Grosso.


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"O dentista é importante pois ele é um dos profissionais que vai atuar na prevenção contra os focos de infecção nos dentes, justamente para que não cheguem até o pulmão", relata a doutora. Trabalhando na linha de frente do combate à doença, Ana Paula afirma que com o aumento da demanda por UTIs, se tornou ainda mais difícil manter os cuidados essenciais na saúde bucal dos pacientes.   

Em entrevista para o Olhar Direto, a dentista explicou que a boca é um dos principais meios de desenvolvimento de infecções hospitalares. "Se um paciente tem alguma bactéria ou doença na boca, precisamos remover para que essa bactéria não consiga chegar até o pulmão. Temos que lembrar que esse órgão já está enfraquecido por conta da Covid-19, não podemos deixar que outras infecções atinjam o mesmo local", disse. 

Tendo especialização em odontologia hospitalar, a doutora compartilha com preocupação o que tem visto dentro dos leitos de UTI por onde já atuou. "Temos recebido pacientes que ficam até quatro dias antes de ir para a UTI sem escovar os dentes", revela. 

Arquivo Pessoal

Para a cirurgiã, essa desatenção se dá principalmente pelo número insuficiente de profissionais para cuidar da higienização bucal dos pacientes. "A maioria das UTIs tem a presença de um cirurgião dentista, mas esse profissional acaba tendo que orientar o pessoal da enfermagem, que naturalmente já está sobrecarregado, para fazer toda a higienização bucal. Por já estarem muito atarefados, acaba que a higiene oral fica prejudicada", disse. 

A Lei obriga, mas ainda é insuficiente 

Em dezembro de 2017 entrou em vigor a Lei n° 10.659/2017, que especifica a obrigatoriedade da presença de odontólogos em unidades hospitalares de Mato Grosso. De autoria do deputado Estadual Eduardo Botelho (DEM), o texto determina que "nas unidades de terapia intensiva (UTI), os cuidados serão prestados por odontólogos, e nas demais unidades hospitalares, o atendimento poderá ser feito por outros profissionais devidamente habilitados, sob supervisão de um odontólogo". 

Apesar de estabelecer a obrigatoriedade, o documento não especifica a quantidade de profissionais que devem atuar dentro das unidades, nem mesmo a penalidade que os hospitais podem sofrer caso descumpram a lei. 

Segundo a doutora, esses pontos tornam a determinação legislativa enfraquecida. "Precisamos melhorar essa Lei, inserindo uma média de quantos profissionais precisam ser contratados para atender um determinado número de pacientes", reforça.  

Para além da obrigatoriedade estadual, já tramita na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei (n. 4157/2020) que também torna obrigatória a presença de dentistas nas unidades de saúde de todo o país. O PL é de autoria do deputado Luiz Lima (PSL-RJ) e ainda tramita dentro da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF). 

Orientações importantes

Diante do cenário de incertezas e limitações, a Dra. Ana Paula orienta que as pessoas que possuem algum familiar internado, busquem o médico responsável e conversem sobre a rotina de higiene bucal dentro da unidade de saúde. 

Ainda segundo a cirurgiã dentista, algumas práticas são fundamentais para garantir um cuidado maior com a saúde das pessoas diagnosticadas com a doença. "Precisamos prestar mais atenção na higiene oral, trocar a escova dentária a cada três dias a partir do momento da confirmação da doença, mesmo que esteja em casa. Essa é uma ação simples, mas que proporciona uma prevenção das doenças bucais", explica. 

Além das práticas de higiene oral, a doutora reafirma a importância da população seguir todas as recomendações de biossegurança contra a Covid-19. "Peço para que as pessoas fiquem em casa. Nós que estamos na linha de frente estamos cansados, não estamos dormindo, estamos afastados da família da gente, estamos todos exaustos. Nos ajudem e usem máscara", conclui. 
 
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