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Segunda-feira, 18 de março de 2024

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Cantora gospel tenta convencer família a retirar queixa contra pastor e diz que adolescente “gostou” de ser abusada

Foto: Reprodução/Youtube

Cantora gospel tenta convencer família a retirar queixa contra pastor e diz que adolescente “gostou” de ser abusada
Um tio da adolescente de 13 anos de idade abusada sexualmente em Poconé (102 km de Cuiabá), cujo investigado pelo crime — um pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus, identificado apenas como "Adão" — foi preso no dia 5 deste mês, denuncia que Lindalva Martins, cantora gospel da mesma igreja, teria enviado uma mensagem para a garota dizendo que ela teria “gostado de ser abusada”. O episódio teria ocorrido após a cantora ter ido até a casa da família vítima “profetizar” que caso a mãe da criança não retirasse a queixa contra o pastor, Deus iria tirar a vida de um de seus filhos. 

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Em entrevista dada ao Olhar Direto, nesta quinta-feira (14), o tio - sob caráter de anonimato para não levar à identificação da vítima - disse que, há cerca de dois meses, Lindalva teria procurado a casa da sua irmã após ter tomado conhecimento sobre a denúncia feita contra o pastor. Segundo ele, a cantora mora em Cuiabá e teria se deslocado até Poconé apenas para chantagear a família.

Na casa da vítima, em uma tentativa de intimidação, Lindalva teria dito que estava hospedada na casa de Alinor Barreto Rondon, pastor presidente da sede da Assembleia de Deus em Poconé. Com essa alegação, ela chantageou a família da vítima falando sobre uma “profecia” que teria tido. 

“Ela falou, lá na casa da mãe da vítima, a seguinte palavra ‘Eu estou hospedada, ficando na casa do pastor presidente aqui de Poconé, então eu tenho toda a liberdade de falar pra vocês que se vocês não retirarem a queixa lá da delegacia para soltar o meu amigo Adão, que está preso, Deus vai matar um de seus filhos”, contou.

Ele conta, que, com medo, a mãe da menor procurou Alinor no dia seguinte para falar sobre a visita da cantora. À mãe, o presidente da sede da Assembleia de Deus em Poconé teria dito que não era verdade que Lindalva estaria hospedada em sua casa. Ele disse ainda que ela não deveria retirar a queixa. 

“Achou bom o momento”

Ao perceber que a família da menor não havia retirado a queixa, o tio conta que Lindalva decidiu, então, enviar mensagens para a sua sobrinha. Em uma delas, a cantora disse que a menina, de 13 anos, tinha gostado de ser abusada. 

A reportagem do Olhar Direto teve acesso à mensagem de áudio que Lindalva enviou à mãe da menor se justificando sobre o que tinha dito. Em um trecho do áudio, onde tenta reverter o que disse, ela reafirma que a menor teria “aceitado” e “achado bom” ter sido assediada. 

“No momento lá, os dois não pensaram nas consequências, isso que eu quis dizer .. Tipo assim ...achou bom, no momento que ela aceitou .. Por ser simples, ser uma adolescente, no momento, ele percebeu que ela aceitou, isso aí que eu quis dizer”, diz trecho da mensagem. 

Em outro momento, a cantora gospel afirma ter sido enviada por Deus até a casa da família. Porém, mesmo pedindo desculpas, ela, novamente, afirma que a menina teria consentindo e, além disso, gostado do abuso cometido pelo pastor. 

“Jamais Deus me mandou eu ir aí pra machucar a senhora com a sua filha irmã, quanto a isso me perdoa. Mas foi uma forma que eu quis dizer, assim, que no momento ela aceitou, pode [ser] até que achou bom no momento, mas aí passou, ela ficou sem a paz, isso que eu quis dizer, entenda”, finalizou Lindalva.

Ouça o áudio:
 

Cantora diz que fala foi tirada de contexto

Com a repercussão do caso, Lindalva se manifestou, nesta terça-feira (13), através do seu perfil nas redes sociais, onde negou algumas das acusações feitas pelo tio. Em uma gravação que dura 2 min, a cantora caracterizou como “inverdades” as acusações de que ela teria chantageado a família.

“Todos que me conhecem sabem da minha índole e do meu caráter e do meu ministério. Sabem que eu jamais usaria o nome de Deus em vão. A única finalidade que eu vejo ... é clara a intenção de querer denegrir a minha imagem e a minha carreira. Eu jamais usaria o meu ministério e os dons que recebi de Deus para intervir em uma denuncia, ainda mais sobre esse fato”, disse a cantora.

Sobre a afirmação onde ela teria dito estar hospedada na casa do pastor presidente da sede da Assembleia de Deus em Poconé, na noite em que foi na casa da mãe da vítima, Lindalva se defendeu negando a acusação. 

“Em momento algum, eu disse que estava na casa do pastor, ao qual o seu irmão se refere, mas eu creio que a justiça de Deus será feita e bem feita”, disse. 

Sobre o áudio enviado à família, apesar de não fazer menção direta, a cantora se refere a este como sendo  “uma fala fora de contexto” que estaria sendo usada para acusá-la injustamente. 

Veja o pronunciamento:
 

O caso

A Polícia Civil de Poconé (104 quilômetros de Cuiabá) prendeu, na segunda-feira (05), um pastor de igreja investigado pelo crime de estupro de vulnerável cometido contra uma amiga de sua filha, de apenas 13 anos. O mandado de prisão foi cumprido após ele se entregar na delegacia da cidade.

De acordo com o delegado, Maurício Maciel Pereira, as investigações iniciaram em 2020, após a Polícia Civil ser comunicada sobre os abusos cometidos contra a adolescente de 13 anos de idade na época dos fatos.

Segundo as investigações coordenadas na época pelo delegado Ruy Guilherme Peral da Silva, o suspeito havia chegado há pouco tempo na cidade e a vítima logo se tornou amiga de igreja da sua filha. Com a amizade entre as duas, o suspeito aproveitava as ocasiões em a menor ia dormir em sua casa para praticar os abusos, chegando a tentar a manter conjunção carnal com a adolescente.

A menor decidiu revelar os fatos para sua mãe que registrou a ocorrência na Polícia. Diante das evidências, foi representado pela prisão do suspeito, que foi deferida pela Justiça, porém logo ao tomar conhecimento das investigações ele fugiu da cidade de Poconé.

Foram realizadas diligências em buscas do suspeito, porém os policiais não conseguiram localizá-lo. Recentemente as investigações foram retomadas e os investigadores descobriram que o suspeito estava frequentando uma igreja em Várzea Grande. 

Através da negociação com os policiais, o suspeito se apresentou na Delegacia de Poconé na presença do advogado, ocasião em que teve a ordem de prisão cumprida.
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