Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o epidemiologista Diego Xavier disse que Mato Grosso adotou uma postura negacionista no começo da pandemia e acreditava, inclusive, que o vírus não sobreviveria por conta do calor. Afirmou também que mesmo com a vacinação, são necessárias restrições para evita uma terceira onda da Covid-19.
“Claro que a vacina é uma das principais alternativas que a gente tem. Mas só a vacina não vai resolver nosso problema. Se formos olhar para alguns países que conseguiram controlar a pandemia, a maioria deles adotou posicionamento alinhado com a ciência. Países da Ásia, Nova Zelândia, o próprio Vietnã que não é um país com grande estrutura econômica conseguiu evitar o colapso de seu sistema de saúde seguindo as recomendações dadas desde o início desse processo pandêmico”, disse em entrevista ao programa Jornal do Meio-dia da TV Vila Real.
Outra ponderação do pesquisador é a falta de preparação de Mato Grosso para a pandemia. Diante disso, ele acrescenta que o governo passou a distribuir o conhecido ‘kit-covid’ para os 148 municípios mesmo sem eficácia comprovada acreditando ser uma solução rápida para o problema.
Apesar da redução de casos, Diego Xavier faz críticas a flexibilização dos gestores. “Hoje a gente vê uma diminuição no número de casos, mas a gente ainda está em um nível extremamente alto, maior do que vimos em 2020 e parece que isso vai se naturalizando. As pessoas vão saindo de casa sem tomar cuidado, ocorre a flexibilização de setores que não são essenciais como bares. Isso não é razoável que na situação que estamos, esteja-se abrindo bar com música ao vivo. A população abandonado essas medidas prioritárias como uso de máscara, principalmente, e evitar locais de risco como aglomeração”.
“Por parte do poder público, tem abandonado a testagem, que de fato nunca existiu quando a gente olha para outros países. Todo país que relaxa as medidas, aumenta a testagem e a busca de contatos. O sistema de saúde precisa ser mais proativo, a gente não precisa ficar esperando a pessoa doente procurar um teste. A gente tem que identificar esse teste e identificar quem são as pessoas que tiveram contato com essa positivo e ir isolando na medida que esses casos vão sendo apresentados. Senão a gente não interrompe a cadeia de transmissão”, acrescentou.
Veja entrevista completa:
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