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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Infectologista diz que incentivo a não usar máscaras é "afirmação irresponsável do ponto de vista científico para esse momento"

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

Infectologista diz que incentivo a não usar máscaras é
O baixo percentual de pessoas vacinadas com as duas doses contra a Covid-19, associado a alta taxa de transmissão do vírus e a alta ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), tornam irresponsável aconselhamentos que permitam a desobrigação do uso de máscaras no Brasil, conforme explicou Danyenne Rejane de Assis, médica infectologista do Hospital Universitário Júlio Muller. 


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“Infelizmente, contrariando a fala do nosso presidente, com todo respeito, mas é uma afirmação irresponsável do ponto de vista científico para esse momento”, esclareceu a especialista ao Olhar Direto nesta sexta-feira (11). A afirmação ocorreu um dia depois do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter dito que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estaria preparando um parecer para desobrigar o uso do item de proteção individual para quem já se vacinou ou já foi infectado pelo Sars-Cov-2.

De acordo com a médica infectologista, a recomendação não é viável por vários fatores, entre eles dois principais: pessoas vacinadas, apesar de estarem imunes de apresentarem quadros graves da Covid-19, ainda podem se infectar e transmitir o vírus para pessoas não imunizadas; e pessoas já infectadas podem sofrer uma nova infecção, conforme evidências de vários estudos publicados em revistas nacionais e internacionais. 

“É uma recomendação temerária, tanto pra quem já tá vacinado, no contexto que a gente tá, com o percentual de vacinação pequeno, quanto para pessoas que já tiveram a doença, pelo que eu falei, pela possibilidade de reinfecção”, comentou. “Ter a doença não é uma afirmação de que o indivíduo vai ficar imune e a gente não sabe nem a duração, por mais que tenha uma imunidade aí transitória, né, quando você já teve a doença, você não sabe a duração, não tem como você afirmar a duração dessa imunidade”.

Danyenne defendeu que apenas é possível pensar em um cenário de dispensa de uso da máscara a partir do momento que o país apresentar números consideráveis de pessoas vacinadas com as duas doses da vacina, a exemplo de países como Estados Unidos e Israel, que apenas fizeram tal recomendação com valores de população imunizada acima de 50%.

“Nossa taxa de ocupação de leitos ainda é muito alta e essa taxa gera consequências para a saúde pública em geral. Tem vários estados em que os leitos estão ocupados e isso demanda o maior aumento de insumos. A gente tá vivendo escassez de antibiótico, escassez de sedativo, escassez de materiais de proteção individual. É um contexto em que não dá ainda pra gente agir com tamanha liberdade em relação a abandonar a máscara”, relatou. 

Nesse contexto, onde também não há tratamento específico para a doença, a infectologista enfatizou que o principal foco deve ser a prevenção, combinada ao distanciamento, uso de máscara e o progresso da imunização: “É uma prevenção combinada que a gente tem que fazer, é um vírus novo que não tem tratamento definitivo ainda, que não tem um remédio. Ao contrário do que o nosso presidente defende, a cloroquina já provou que não é eficaz em muitos estudos”.

“Não tem como a gente abandonar a medida de prevenção para uma doença que ainda tem uma alta mortalidade, a gente precisa mesmo é focar na prevenção, já que o tratamento efetivo não existe”, finalizou.
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