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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Associação cuiabana cobra políticas públicas e inserção social de autistas adultos no Brasil

Foto: Michael Esquer/Olhar Direto

Associação cuiabana cobra políticas públicas e inserção social de autistas adultos no Brasil
Reinvindicando políticas públicas voltadas para a inserção social do autista adulto, foi lançada na última semana em Cuiabá, a associação Autistas Adultos do Brasil (AAB). A iniciativa, que partiu da organização de mães, pais e autistas adultos da capital mato-grossense, tem o objetivo de fomentar o protagonismo, habilidades e autonomia de adultos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista, que, segundo a associação, enfrentam um vazio nacional de ações estratégicas do Poder Público. 


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“[É] um grande problema que o Governo não incentive projetos para a inclusão de autistas na iniciativa de empregos, em empresas privadas ou públicas. Não fornece incentivo, assessoramento, acompanhamento psicológico ou ajuda financeira para quem tem dificuldade de permanecer em um ambiente sociável”, conta ao Olhar Direto, Renan Ferreira, de 19 anos, autista adulto integrante da associação. 



De acordo com Branca Kalinowski, mãe de um filho autista, moradora de Cuiabá e quem teve a ideia de criação da AAB, a associação surge diante da falta de organizações que tenham como principal objetivo colaborar para suprir as necessidades sociais do autista quando ele se torna adulto. Um exemplo disso é a inserção no mercado de trabalho. 

“Por onde eu andei eu só li, ouvi falar e fazer ações para crianças, no máximo pra adolescentes, mas nada pra adulto, em nenhum lugar Brasil. Nada direcionado a esse público com foco, com a intenção no público adulto. Por isso me vi obrigada a dar início”, comenta Branca. 

Entre um dos objetivos da AAB está, por exemplo, a criação de um banco de talentos, assim como a busca de parcerias do setor público e privado, que possam incentivar ou patrocinar ações voltadas ao desenvolvimento social e profissional do autista adulto. Com isso, a expectativa é de que os integrantes possam ter suas potencialidades aproveitadas, baseados em seus campos de interesse.

O filho de Branca, Dimitry Kalinowski, por exemplo, sonha em ser piloto de corrida. Por isso, atualmente sem patrocinador, conta apenas com o incentivo da mãe para treinar aos fins de semana na habilidade que ele reconhece como sendo o seu hiperfoco: o automobilismo. “Espero poder mostrar do que um autista é capaz. Para um autista, pilotar significa superar a dificuldade motora que a maioria de nós tem”, diz ele. 
 
Dimitry sonha em ser piloto de corrida mas não tem patrocínio. (Foto: Arquivo Pessoal) 

"Meu filho não vai ser criança pra sempre"

Richard Malek Hanna, de 46 anos, foi um dos pais que esteve presente na reunião de lançamento da associação. Pai de um filho de 9 anos, no ano passado ele perdeu a esposa vítima da Covid-19. No encontro, ele falou sobre como ele e a esposa dividiam as tarefas pensando no futuro e as dificuldades que o filho poderia vir a enfrentar quando chegar a vida adulta. 

“Meu filho não vai ser criança pra sempre, ele vai crescer um dia, então eu preciso que tenha aqui em Cuiabá, aqui no estado, algo pra ele quando ele crescer, quando ele ficar adulto, parâmetros para que ele possa se desenvolver com pessoas da mesma idade”, disse Richard. 

Sobre as preocupações que o fizeram integrar a AAB, o pai destaca a principal: preparar o filho para as responsabilidades que ele deve enfrentar um dia, principalmente, quando ele, o pai, já não estiver aqui para acompanhá-lo em suas atividades. 

“São outras responsabilidades, outros aspectos, outros desejos [quando ele crescer]. Isso não está acontecendo hoje e isso fica apagado. Passou dos 15 anos, a sociedade esquece do autista”, disse. “Temos autistas que são bons de matemática, de montar e desmontar computador. Quando se vai procurar trabalho para esses autistas, que tipo de trabalho que o mercado oferece, quando oferece, vai ser empacotador de supermercado, vai ser o repositor de supermercado”, completa.
 
Preocupação esta, que é a mesma que fez com Juliana Arini, mãe de Ariom, que tem 18 anos, também aderisse a iniciativa. Segundo ela, o que os pais fazem agora é “pavimentar” um caminho que depois eles próprios, os filhos adultos autistas devem seguir. 

“Eles estão totalmente aptos a se apoderarem disso e a associação ser deles. Um caminho que eu acredito que todos eles podem trilhar, não só o meu filho mas todos eles podem. Eles precisam de um espaço de voz, que é um lugar de voz que eles não tem em nenhuma outra instituição”. 

Sobre a AAB

A associação Autistas Adultos do Brasil também designada pela sigla AAB foi fundada no dia 6 de agosto de 2021 e é uma associação, sem fins econômicos, com sede no Município de Cuiabá, no Estado de Mato Grosso. A associação tem por objetivo desenvolver programas de amparo, adaptação e integração social do autista adulto.  

Atualmente, a AAB não conta com um portal na internet, porém, um domínio está sendo desenvolvindo pelas mães e pais da associação.O contato para aqueles que tiverem interesse em apoiar, integrar ou colaborar com as iniciativas da organização deve ser feito a parti deste telefone 65 98148-8842 (AAB).


 
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