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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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ato infracional análogo a homicídio

Laudo descarta disparo acidental e menor que matou amigo de infância com tiro de espingarda no rosto é denunciado ao MP

Foto: Reprodução

Laudo descarta disparo acidental e menor que matou amigo de infância com tiro de espingarda no rosto é denunciado ao MP
Dois menores que se conhecem desde a infância e, em um final de semana, um tiro ceifa a vida de um deles. No início, o caso é tratado como disparo acidental, mas tempos depois as investigações apontam ato infracional análogo a homicídio. Apesar de ser muito semelhante à morte da adolescente Isabele Ramos Guimarães, 14 anos, este episódio que será retratado pelo Olhar Direto não ganhou a mesma repercussão nacional que o do Condomínio Alphaville, em Cuiabá.


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A morte do estudante do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), Gustavo Henrique da Silva Macedo, de 16 anos, que não ganhou as telas dos principais programas e sites do país, foi registrado no dia 20 de fevereiro no Assentamento Santo Antônio da Fartura, zona rural de Campo Verde (140 km de Cuiabá), em circunstâncias parecidas.

A Polícia Militar, que chegou primeiro no assentamento, informou que foi acionada para atender a ocorrência de um homicídio. Quando chegou ao local, várias pessoas saíram das proximidades e outras permaneceram. Porém, ninguém soube informar o que de fato teria ocorrido. Além disso, o adolescente suspeito teria fugido do local.

Local onde Gustavo morreu. 

O caso então passou a ser apurado pela Polícia Civil e dois dias depois, o adolescente suspeito se entregou na Delegacia de Campo Verde. Na ocasião, alegou um disparo acidental enquanto limpava a arma, que seria de seu avô.

Depoimentos contraditórios

Em um primeiro depoimento obtido com exclusividade pelo Olhar Direto, o suspeito de 15 anos afirmou que passava os finais de semana com Gustavo e que o considerava irmão. Ele também relatou ter conhecimento de que a arma de fogo do seu avô estaria em casa.

O garoto contou que teria procurado a arma até encontrá-la e depois levou o objeto até a área da residência, onde mostrou para Gustavo. A vítima teria visto e na sequência devolvido.

O suspeito afirma que teria dito para que Gustavo fosse guardar a arma com ele. Entretanto, Gustavo teria pedido para levar, quando houve o suposto disparo acidental. Assustado, ele teria pego a arma, jogado no mato e depois chamado uma tia e contado que teriam atirado no amigo.

No segundo depoimento, o acusado teria apresentado uma versão diferente. Com contradições, foi necessário realizar a reconstituição para apresentar a dinâmica da morte de Gustavo.

Reconstituição

A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) realizou na tarde do dia 2 de junho a reconstituição da morte do estudante.

O suspeito apresentou laudo alegando abalo psicológico e não compareceu no local durante os trabalhos periciais. Conforme relato de testemunhas, no velório de Gustavo, ele conversava e ria com amigos. Na ocasião, ele ainda não era suspeito da morte do estudante.
 
Ouvida pela reportagem, a advogada criminalista Luana Fatima Zapello, que acompanha a família da vítima, explicou que as contradições apresentadas pelo acusado fizeram com que o delegado solicitasse a reconstituição.

“O laudo dessa reconstituição nos trouxe uma reviravolta e foi constatado que houve homicídio. E por fim, a conclusão se que chega é que houve um crime análogo a homicídio qualificado”, diz.


À esquerda, a advogada da família acompanhada da irmã da vítima, Nayara. 

A denúncia contra o menor foi recebida pelo Ministério Público. “A família vai lutar pela justiça. E eu, advogada da família, juntamente com o Ministério Público, vamos buscar a internação e o julgamento em desfavor do acusado, uma vez que não resta dúvidas e diante do laudo, é improvável que tenha acontecido qualquer disparo acidental”, assegurou.

Desde a morte do irmão, Nayara Alves tem cobrado justiça. Ela, inclusive, realizou um protesto à época do crime pedindo a punição dos envolvidos.

“Falando pela família, esperamos que a justiça seja feita, assim como vem sendo feita em um outro caso idêntico ocorrido na cidade de Cuiabá, em um condomínio de luxo. Esperamos que a justiça mostre que o que importa é a vida, não o status social daquele que teve a vida foi tirada”, disse.

Diferente do caso Isabele que vivia em um condomínio de luxo e era rodeada por pessoas com alto poder aquisitivo, Gustavo tem família humilde e morava na zona rural. Dedicado, Gustavo cursava o 1º ano do curso Técnico em Agropecuária e sonhava em trabalhar na área.

“A minha família fica se perguntando por que o outro caso foi para a mídia nacional e do meu irmão não. Se não tivéssemos ido atrás, não havia sido nem noticiado no Estado”, lembra a jovem.

“Nós acreditávamos desde o início que não foi acidente e, sim proposita. O que se confirmou no resultado da reconstituição. Esperamos que o trabalho em busca da justiça e da verdade real que a polícia fez, seja realizado com o mesmo rigor e presteza pelo judiciário”, finalizou Nayara.
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