O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) criticou duramente o fato de a ferrovia estadual, que teve contrato assinado nesta segunda-feira (20), não levar o nome do senador Vicente Vuolo, que dedicou boa parte da sua vida política para trazer os trilhos até Cuiabá. Conforme escolha da Rumo Logística S/A, o modal irá se chamar Ferrovia de Transporte Autorizada Olacyr de Moraes (FATO), em homenagem ao produtor rural que chegou a ser considerado o “rei da soja”.

Leia também:
Ao homenagear produtor rural, Rumo pode estar descumprindo lei aprovada por Dante em 1998

Levando a discussão para o campo político, Emanuel afirma que faltou sensibilidade do governador Mauro Mendes (DEM), que estaria desrespeitando a história de Mato Grosso e dos mato-grossenses. O prefeito ainda diz que o democrata mente ao dizer não saber o motivo para que o nome de Vuolo fosse trocado por Olacyr.

“Quem é o governador do estado para questionar a liderança de Vicente Vuolo no processo da ferrovia do estado. Quando ele era um menino e andava de bermuda nas ruas de Anápolis (Goiás), Vicente Vuolo já fazia história. Antes dele nascer, Vicente foi um dos prefeitos eleitos mais jovens de Cuiabá, aos 32 anos. Tinha sido deputado estadual, foi deputado federal, senador, tem uma biografia extraordinária”, afirmou, em conversa com a imprensa nesta terça-feira (21).

“Temos que dar um basta a essa agressão a nossa história e falta de sensibilidade de migrantes que vieram para cá, foram recebidos de braços abertos. Assim recebemos inúmeros imigrantes, como o governador Mauro Mendes. É um tapa na cara da cuiabania e da história de Mato Grosso”, completou.

Emanuel ainda convocou os cuiabanos a se rebelarem contra a mudança. Afirmou que Mauro é insensível e traí a história e que a cuiabania deve deixar a zona de conforto e exigir respeito a história da Capital e de seus ícones políticos.

“Independente da história de Olacyr de Moraes, um grande empresário e produtor. Foi um homem com grande importância na iniciativa privada do país, mas não chega aos pés da história de Vicente Emílio Vuolo, um visionário, verdadeiro pai da ferrovia do nosso estado. Isso é reconhecido por todos”, declarou.

O prefeito também relatou que já conversou com o deputado estadual Wilson Santos (PSDB), que é autor da lei 7.027, sancionada pelo ex-governador Dante de Oliveira (já falecido) em 1998, e que estabelece como Ferrovia Senador Vicente Emílio Vuolo, o trecho da Ferronorte (atual Rumo Malha Norte) que atravessa o estado.

“Wilson foi prefeito de Cuiabá, deputado federal e estadual, conheceu o senador Vuolo e conhece, como professor, a história do nosso estado. Pedi para que não traia Cuiabá. Ele me mandou a lei que foi sancionada por Dante. Disse que está se unindo ao Eduardo Botelho (DEM), Carlos Avallone (PSDB) e mais um deputado. E vão fazer esse resgate histórico. Não vão deixar a memória de Vuolo ser atacada de forma tão gratuita”, pontuou.

Por fim, Emanuel cobrou que Mauro coloque fim a essa discussão e determine que a Rumo dê à ferrovia estadual o nome de Vuolo.

Artigo

Em artigo publicado mais cedo, Emanuel tratou a questão como covardia e relembrou o legado deixado pelo senador. Segundo ele, foram 46 anos desde 1976, quando o então deputado federal Vuolo apresentou o projeto de lei para extensão da ferrovia de São Paulo até Mato Grosso, dentro do Plano Nacional de Desenvolvimento e dentre tantas lutas, a inauguração dos terminais em Chapadão do Sul e dos terminais de Alto Araguaia e Rondonópolis, até a assinatura desta concessão para que, via investimento privado da Rumo Logística, os trilhos da ferrovia Senador Vuolo ficassem cada vez mais palpáveis.

“Um menino que escutou seu pai dizer que o país precisava de ferrovias para crescer se tornou senador e lutou toda a sua vida com obstinação para ver os trilhos da ferrovia chegar até seu estado. Infelizmente, esse menino que se tornou nosso saudoso senador Vicente Emílio Vuolo não conseguiu assistir a concretização de seu trabalho, mas passou sua perseverança ao filho, Francisco Vuolo, que desde seu falecimento tem mobilizado entidades e autoridades políticas, a exemplo de seu pai, em torno do sonho de trazer desenvolvimento e mais qualidade de vida para a baixada cuiabana e consequentemente para todo o estado”, diz trecho do artigo.