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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Apagão de casos

Em meio a 'triplo surto', pacientes fazem ‘peregrinação’ em postos de saúde na tentativa de conseguir exame

Foto: Tchélo Figueiredo - SECOM/MT

Em meio a 'triplo surto', pacientes fazem ‘peregrinação’ em postos de saúde na tentativa de conseguir exame
Quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) há tempos enfrenta diversas dificuldades para conseguir consultas, exames e medicamentos. Acrescente a isto uma pandemia, junto a um surto de gripe. O resultado é o que a população tem enfrentado atualmente em Cuiabá, com pouca capacidade para atendimentos e realização de testes de Covid-19.


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Com o fechamento do Centro de Triagem, por conta do arrefecimento da pandemia naquela época, restou aos moradores de Cuiabá procurar as unidades básicas de saúde, o que vinha funcionando até então.
 
Porém, no fim do ano passado, a variante Ômicron fez aumentar o número de infectados pela Covid-19 e um surto de gripe, também com uma nova cepa da H3N2, trouxe um acréscimo exacerbado de pessoas procurando atendimento médico.
 
Na quinta-feira (06), este repórter procurou atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Quilombo. Durante a manhã, a primeira negativa. A atendente disse que existe um limite de apenas dez testes de Covid-19 por perído. O pedido foi para o retorno na parte da tarde. Chegado o momento, no horário combinado, a resposta foi a mesma: “não há vagas”.
 
A orientação repassada foi a de que aguardasse o próximo dia ou procurasse outra unidade de saúde. Este repórter seguiu até uma, no bairro Ribeirão do Lipa, mas foi informado por uma das enfermeiras que “o atendimento é prioritário para os moradores da região”. Além disto, os insumos estavam escassos e, provavelmente, não durariam nem até o fim de semana.
 
Na sexta-feira (07), o mesmo trajeto até a UBS do Quilombo, com a promessa de atendimento pela manhã. Ao chegar, 30 minutos antes do combinado, a mesma atendente informou que a unidade estava sem médico e que as consultas e testes seriam feitos somente na segunda-feira (10).
 
A nova recomendação foi procurar o Centro de Saúde Ana Poupina, no bairro Dom Aquino, desta vez, sem nenhuma promessa, pois a informação era de que “está lotado”. O trajeto de quatro quilômetros foi feito, mas ao chegar na porta da unidade, a mesma resposta: “As fichas para atendimento já foram encerradas, pois o limite foi alcançado”. A recomendação: voltar durante a tarde.
 
Tal situação expõe o que está sendo chamado de “apagão de casos”. Isso acontece porque, a pessoa que não tem as mesmas condições de deslocamento ou financeira para pagar um teste particular, tem apenas duas opções: retornar para tentar a sorte no dia seguinte ou não fazer o exame e continuar na dúvida. Com a vacinação avançada e os casos da Ômicron sendo leves, muitos acabam desistindo de procurar atendimento médico, o que – consequentemente – não leve aos números a realidade enfrentada.

A epopéia em busca de um teste da Covid-19 na rede municipal não foi exclusiva deste repórter. No aguardo de atendimento e pouco depois das negativas, a reportagem visualizou várias pessoas passando pela mesma situação.
 
Para melhorar o fluxo de atendimento aos usuários, a Secretaria Municipal de Saúde lançou o Plano de Enfrentamento à Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave, que começou a valer no dia 27 de dezembro do ano passado.
 
Na nova metodologia, todas as unidades básicas de saúde (UBS) passaram a atender aos pacientes com sintomas gripais leves em livre demanda, ou seja, sem necessidade de agendamento. Isso significa que pessoas com sintomas como coriza, mal-estar, febre, diarreia e tosse, devem procurar a unidade de saúde da família mais próxima de sua casa.
 
Já ao sentir um desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória, por exemplo, o indicado é procurar a unidade de pronto atendimento. Os casos que necessitarem de internação serão encaminhados para o Hospital Referência à Covid-19 (antigo Pronto Socorro) ou para o Hospital são Benedito, de acordo com o Plano de Enfrentamento.
 
Para a infectologista do Hospital Universitário Júlio Muller, Danyenne Assis, atualmente é praticamente impossível diferenciar os sintomas das duas doenças na prática clínica. O tempo que leva para que os sintomas se manifestem, porém, podem ajudar a sinalizar a diferença de uma da outra.
 
“Está bem difícil diferenciar. Estão todas vindo com sintomas muito semelhantes, os casos de Covid-19, os casos de coinfecção. A gripe costuma ter sintomas mais intensos desde o início, mas não é uma regra.” , conta ao Olhar Direto ao relembrar que a Covid-19 começa a evoluir a partir do 7º dia.
 
Entre os sinais que ambas doenças manifestam estão: congestão, dor de garganta, febre e dor no corpo. Apesar disso, ela esclarece que apenas um painel viral é capaz de distinguir uma infecção da outra. "É um pouco caro, mas tem disponível nas redes privadas.”
 
Diante do surto de gripe, causado pelo vírus Influenza, e vídeos mostrando lotações em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o governador Mauro Mendes (DEM) afirmou que a saúde básica é de responsabilidade dos municípios, e não do Governo do Estado.
 
“Unidade Básica de Saúde é uma responsabilidade das prefeituras. Cada um no seu quadrado”, declarou o governador. Segundo Mauro, o que compete ao Governo do Estado é a distribuição de vacinas para a gripe, e isso foi feito, inclusive com campanha para aumentar a cobertura de imunização.
 
No último dia 28 de dezembro, o secretário de Estado de Saúde Gilberto Figueiredo afirmou que o estado de Mato Grosso vive, ao mesmo tempo, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) com a ameaça da chegada da Ômicron, colapso da rede básica de saúde e das farmácias pela gripe (Influenza), inclusive com casos de H3N2, e aumento dos casos de dengue.
 
O número de testes positivos para exames que diagnosticam o vírus da Covid-19 e da Influenza tiveram um aumento percentual, respectivamente, de aproximadamente 30% e 50% no início deste ano no Instituto de Analises Clinicas (INAC), em Cuiabá.
 
De acordo com o Inac, os dados se referem ao período desta quarta-feira (5) comparado ao dia 27 de dezembro. Em relação a Covid-19, o aumento percebido nos diagnósticos positivos foi de cerca de 25% a 30%. A Influenza, por sua vez, teve um crescimento ainda maior: 40% a 50%.
 
O repórter, após realizar todo este processo, tendo mantido contato com uma pessoa que positivou e apresentando alguns sintomas que poderiam ser da Covid-19, decidiu por realizar o teste em uma farmácia. O resultado: negativo. Vale destacar a imunização completa, inclusive com a terceira dose, tomada há quase um mês.
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