Laisse Karine, de 26 anos, tem enfrentado uma situação difícil em Santo Antônio do Leverger (34 km de Cuiabá), cidade onde mora. Desde que o filho, Danilo Cristian, 5 anos de idade, foi diagnosticado em novembro do ano passado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a santo-antoniense tem denunciado a falta de apoio da prefeitura do município para dar início ao acompanhamento médico.
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Nesta quarta-feira (26), Laisse fez uma publicação nas redes sociais, onde marcou Francieli Magalhães (PDT) e Giseli Ribeiro (PDT), respectivamente prefeita e vice-prefeita de Santo Antônio do Leverger. Na postagem, ela cobrou o Executivo Municipal ao desabafar sobre a situação enfrentada com a criança.
“Precisa de psicóloga, terapia ocupacional e fonoaudióloga. Ele não tem dificuldade nenhuma no momento, mas precisa desse acompanhamento porque o autismo às vezes regride. Na Secretaria de Saúde fui informada que a psicóloga não atende crianças da idade dele. O que eu faço?”, diz Karine.
Laisse disse que não recebeu apoio da prefeitura após diagnóstico do filho. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em entrevista ao
Olhar Direto, Laisse disse, nesta quarta-feira (26), que, após a publicação feita em seu perfil nas redes sociais, recebeu comentários de várias mães que passaram e passam pela mesma situação na cidade. Até o começo desta quinta-feira (27), a postagem havia sido compartilhada 27 vezes.
“Algumas pagam as consultas por elas mesmas, outras vão em Cuiabá de carro, quem tem condição, quem não tem condição vai de ônibus. Pra eu ir duas vezes por semana em Cuiabá, eu não tenho condição, eu teria que parar de trabalhar, só pra suprir isso”, comenta.
A mãe conta que já procurou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), porém, foi informada pela pasta que não havia psicólogos e nem fonoaudiólogos na cidade que pudessem atender Danilo. Segundo Laisse, ela teria que esperar por, no mínimo seis meses, para que o filho fosse atendido em uma das especialidades, em Cuiabá.
“Eu acho que o mínimo que deveria ter, é ter uma van pra levar essas mães com essas crianças pra algum lugar em Cuiabá. Teve mãe que falou que aqui em Santo Antônio tem lugares que tem parceria com Cuiabá, mas eles falaram que não tem quem leva, então cada mãe dá um jeito e vai”, reclama.
Sobre o apoio que tem recebido das mães, Laisse acredita que é a confirmação do descaso que os autistas enfrentam no município: “Todas as mães que entraram em contato comigo são mães que passaram por isso. Aqui não tem nenhum suporte para mãe de autista”.
Transtorno de Espectro Autista
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o TEA se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva.
No Brasil, não há estudos oficiais sobre a prevalência de autismo. Segundo o site Canal Autismo, a única pesquisa nesse sentido foi realizada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie na cidade de Atibaia, no interior do estado de São Paulo, em 2011. O estudo apontou um autista para cada 367 crianças.
Um relatório do Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos, porém, publicou no final do ano passado dados recentes sobre a prevalência de autismo entre crianças de oito anos no país americano. O resultado foi uma a cada 44 crianças.
O que diz a Secretaria Municipal de Saúde
A reportagem entrou em contato com a SMS da Prefeitura de Santo Antônio de Leverger para questionar sobre a denúncia feita por Laisse. Até o momento da publicação desta matéria a pasta não havia respondido a indagação. O espaço segue aberto para futuras manifestações.