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Sábado, 20 de abril de 2024

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Ala ecossocialista do PSOL rechaça grupo de Procurador Mauro e lança pré-candidatura ao Paiaguás

Foto: Reprodução / Instagram

Lélica e Elisângela

Lélica e Elisângela

Apontando diferenças ideológicas profundas com a ala do Procurador Mauro e também de outros partidos de esquerda em Mato Grosso, a ala ecossocialista do PSOL decidiu lançar a pré-candidatura da líder comunitária do bairro Renascer Elisângela do Espírito Santo Silva e a sindicalista e integrante do movimento feminista Lélica Lacerda. As duas se apresentam como ‘cogovernadoras’ na chapa “Se Mato Grosso fosse nossa”. O lançamento da pré-candidatura deve acontecer neste domingo (20).


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Caso as duas vençam a disputa interna do partido, esta seria a primeira vez que o PSOL lançaria uma mulher na disputa majoritária em Mato Grosso. O nome mais apresentado pela sigla nas disputas tem sido o do músico e procurador Mauro, que já foi candidato oito vezes desde 2006 a cargos como governador, senador, prefeito e deputado federal, sem sucesso. Segundo Lélica, que também é professora da UFMT, sua pré-candidatura junto a Elisângela corresponde à vontade da setorial ecossocialista, Nós do Renascer e grupo Bem Viver.

“O PSOL basicamente tem um grupo prioritário, que é do Fortalecer, que é do procurador Mauro, e nós internamente construímos uma outra política. A gente entende que o grupo do procurador Mauro é um grupo que não constrói as lutas das ruas, não está presente no cotidiano da resistência, e nós temos um outro perfil que a gente considera mais adequado ao que é o PSOL, que é um perfil de construção de lutas contínuas, permanentes”, defendeu a professora.

Lélica ainda argumentou que a majoritária do PSOL “mantém uma cultura muito arraigada em machismo, preconceitos, LGBTfobia, eles têm uma forma autoritária de ver e gerir o próprio partido e, portanto, a gente entende que essas candidaturas que partem desse setor são incapazes de construir o nosso projeto, porque o nosso projeto requer que os últimos tem que ser os primeiros, as últimas tem que ser as primeiras”.

Para a líder comunitária Elisângela, apresentar novos nomes à disputa é importante para mostrar que o PSOL é um partido plural em Mato Grosso. "É muito importante para a gente mostrar que o PSOL não é só da da ala do procurador Mauro, ele é amplo", garantiu. Segundo ela, a disputa interna será decidida nas convenções por meio da presença e votação da militância.  "O PSOL também tem essa tendência de chamar os militantes, fazer uma plenária e lá ser decidido. (...) E nós só resolvemos sair nessa campanha também porque fomos procuradas por vários militantes e pelo nosso movimento social Nós do Renascer".

Lélica faz parte de uma frente de mulheres que constrói as ações de oito de março desde 2017, enquanto Elisângela é uma mulher periférica conhecida por sua trajetória na luta por moradia. Dentre as principais lutas das duas ainda está a defesa do meio ambiente contra o agronegócio e a necessidade de uma governança dividida com lideranças indígenas, quilombolas e LGBTs.

É também por estas lutas que as duas se recusam a entrar em uma ‘frente ampla’ de esquerda formada, em Mato Grosso, pelo PT, PV e PCdoB, que ainda estuda um possível nome para lançar na busca pelo Paiaguás e que garante espaço no palanque para o ex-presidente e possível futuro candidato Lula.

“A gente concebe que existe um setor da esquerda que tem muito mais um projeto de poder do que um projeto de sociedade”, esclarece Lélica. “Não é possível, no caso da candidatura do Lula, ele dizer que vai atender as mulheres, que ele vai atender aos indígenas e quilombolas, se ele está se aliançado ao agro. Não cabe na mesma mesa Blairo Maggi e Amapuru, que é a nossa companheira cacique do Xingu”, critica.

Ainda de acordo com a pré-candidata, o objetivo da dupla de mulheres é ter como protagonistas deste projeto outros que não a elite agrária, branca e patriarcal. “A gente entende que a necessidade da nossa candidatura é uma necessidade de ruptura e de uma proposição autônoma da classe trabalhadora. É por isso que a gente vem à cena nessas eleições, para trazer um debate que esteja ancorado e comprometido com os genuínos interesses da classe trabalhadora, dos de baixo, daqueles que trabalham e produzem a riqueza, e não daqueles que se apropriam da riqueza expropriando o trabalhador”.

Cogovernadoras

De acordo com Lélica, ela e Elisângela ainda não decidiram quem será a candidata a governadora e quem será a candidata a vice na chapa, caso vençam a disputa interna do partido, mas isso pouco importa. “A gente tem uma perspectiva coletiva e solidária de construção de luta, até porque a direita coloca que a nossa pauta é mi mi mi, enfim - tanto a direita quanto parte da esquerda minimizam e negam a importância do protagonismo feminino na política -e isso faz com que nós, mulheres que temos uma militância, em todos os espaços que a gente constrói, a gente acaba se aliançando. As nossas lutas sempre são coletivas, então não faz sentido a gente fazer uma proposição de uma pré-candidatura que tenha hierarquia entre nós”, explica.

Por fim, a escolha destes dois nomes, além de ter o objetivo de levar às tribunas eleitorais os anseios das ruas, também busca resguardar a vida das candidatas e as fortalecer enquanto figuras públicas, visto que as duas já passaram por momentos de violência política: Elisângela quando foi presa e Lelica quando foi ameaçada por políticos ligados ao agronegócio após fala em audiência pública na Câmara de Sinop.
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