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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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minério de cobre

Após reportagem, mineradora abre mão de pedido de exploração que mirava terra indígena de cacique Raoni

Foto: Agência France-Presse

Após reportagem, mineradora abre mão de pedido de exploração que mirava terra indígena de cacique Raoni
A Nexa Recursos Minerais S.A. desistiu de um dos três pedidos de pesquisa mineral que haviam sido solicitados à Agência Nacional de Mineração (ANM), nos entornos da Terra Indígena (TI) Capoto/Jarina. A desistência foi solicitada em abril, um mês após reportagem publicada pelo Olhar Direto, que noticiou os pedidos de exploração de minério de cobre.  Em nota, a empresa, que pertencente ao grupo Votorantim, negou que tenha feito qualquer pedido de exploração mineral sobre TIs.


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A solicitação de pesquisa mineral da empresa havia sido feita no dia 4 de fevereiro, junto com mais outros dois pedidos, que também miravam a TI Capoto Jarina, a mesma onde vive o cacique Raoni Metuktire, liderança indígena reconhecida internacionalmente pela defesa dos povos originários da Amazônia. 

Entre as solicitações, duas afetavam, exclusivamente, a TI da liderança, que está situada entre os municípios de Peixoto de Azevedo, Santa Cruz do Xingu e São José do Xingu; a terceira, além dela, mirava também a TI Menkragnoti. Este último foi alvo de desistência por parte da empresa, conforme consultado na ANM.
 
Empresa Processo Ano Estado Tipo de processo Território Etnia Substância Último evento
NEXA RECURSOS MINERAIS S.A. 866077/2022 2022 MT REQUERIMENTO DE PESQUISA Capoto/Jarina Kayapó MINÉRIO DE COBRE 100 - REQ PESQ/REQUERIMENTO PESQUISA PROTOCOLIZADO EM 04/02/2022
NEXA RECURSOS MINERAIS S.A. 866070/2022 2022 MT REQUERIMENTO DE PESQUISA Capoto/Jarina Kayapó MINÉRIO DE COBRE 100 - REQ PESQ/REQUERIMENTO PESQUISA PROTOCOLIZADO EM 04/02/2022
NEXA RECURSOS MINERAIS S.A. 866075/2022* 2022 MT REQUERIMENTO DE PESQUISA Capoto/Jarina e Menkragnoti Kayapó MINÉRIO DE COBRE 100 - REQ PESQ/REQUERIMENTO PESQUISA PROTOCOLIZADO EM 04/02/2022
*Empresa solicitou desistência do pedido.

Instituto Raoni repudia

Os três pedidos minerários da Nexa Recursos Minerais S.A. são repudiados pelo Instituto Raoni. A associação indígena, presidida pelo cacique Raoni e criada em 2001 para defender os interesses de comunidades Mẽbêngôkre/Kayapó, atua com o povo Kayapó, Panará, Trumaí, Tapayuna, e Juruna, localizadas nas TIs Capoto/Jarina, Panará e sul da TI Menkragnoti, ambas em território mato-grossense. 

“O Instituto Raoni repudia qualquer projeto, que em seu processo, venha destruir, alterar, impactar diretamente os povos indígenas, seus territórios e suas culturas. O instituto Raoni não apoia qual quer atividade ilegal, como neste caso do requerimento de exploração de minério em território indígena”, disse ao 
Olhar Direto Sol Elizabeth González Pérez, coordenadora de projetos da associação. 

Conforme disse a coordenadora, em março, o Instituto Raoni estava em processo de discussão de construção de um Protocolo de Consulta da Terra Indígena Capoto/Jarina. Neste procedimento, tanto os requerimentos de mineração da Nexa Recursos Minerais S.A. quanto outros empreendimentos planejados para a região devem ser debatidos. 

Sobre a Nexa

A Nexo Recursos Minerais S.A. é uma empresa que atua no ramo de produção de zinco em formas primárias. Em 2002, a empresa foi adquirida pelo Grupo Votorantim, um dos maiores grupos empresariais do país. De acordo com o site da Nexa Recursos Minerais S.A., a empresa é uma das cinco maiores produtoras de zinco no mundo. 

Conforme matéria publicada na 
página da empresa, a Nexa Recursos Minerais S.A. foi relançada, em 2017, como Nexa Resources, a partir da fusão da Votorantim Metais e a Milpo, líder de mineração de zinco no Peru. O lançamento da marca ocorreu com a abertura de capital nas bolsas de Nova Iorque, nos Estados Unidos, e de Toronto, no Canadá.

“A Nexa nasce como líder de zinco na América Latina e pronta para ser um dos grandes competidores no mercado global. Não perderemos, porém, o nosso DNA Votorantim, com os valores e crenças que nos trouxeram até aqui. Seguiremos sendo uma empresa Votorantim SA e valorizamos essa história”, disse na época, o CEO da empresa, Tito Martins.

O que diz a Nexa

Em nota enviada a reportagem, a empresa disse que não possui ou realizou qualquer requerimento de pesquisa mineral em terras indígenas. Sobre o pedido de desistência, a Nexa disse que o fez devido ao baixo potencial mineral da região requerida. 

Leia a nota na íntegra: 

A Nexa informa que não possuiu ou realizou requerimentos de pesquisa mineral em terras indígenas, incluindo a terra Capoto Jarina, do povo Kayapó. Por meio do Sigmine, sistema de controle de áreas da Agência Nacional de Mineração (ANM), pode-se certificar que as áreas requeridas, informadas nos processos minerários, estão fora de áreas indígenas.

Em razão do baixo potencial mineral, a empresa confirma a desistência do direito minerário, identificado no processo 866075/2022, da Agência Nacional de Mineração (ANM). 

A Nexa reforça que segue comprometida com a sustentabilidade de suas operações em todo o país, atuando de acordo com os requisitos de licenças ambientais embasadas em estudos e autorizações previstas em lei, respeitando as pessoas e o meio ambiente.


ATUALIZADA ÀS 15h78Nota enviada pela Nexa foi inserida na reportagem. 
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