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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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PRIMEIRA GRAVIDEZ

Casal acusa hospital de violência obstétrica: "fez tanta força que olhos sangraram e ouviu que na hora de fazer foi bom"

Foto: Reprodução

Valéria de Mello acusa Hospital Regional de Sorriso de violência obstétrica

Valéria de Mello acusa Hospital Regional de Sorriso de violência obstétrica

Sentindo fortes contrações, Valéria de Mello, de 17 anos, procurou atendimento no Hospital Regional de Sorriso (a 420 km de Cuiabá), três vezes antes do parto, entre 1º e 5 de junho, quando finalmente deu à luz. O marido dela, Victor Valentim de Mello, aponta descaso com Valéria, que não tinha dilatação suficiente para um parto normal e aguardou durante oito horas pela cesárea. 


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A primeira vez que a mulher procurou o hospital foi em 1º de junho. A jovem estava morando no distrito de Entre Rios, em Nova Ubiratã, e precisou enfrentar uma viagem de 200 km até a unidade de saúde. 

Victor conta que os médicos constataram que ela já estava dilatando em 2,5 cm. No entanto, não era suficiente para um parto normal e Valéria foi orientada a voltar para casa. 

Como a jovem mora longe do Hospital Regional de Sorriso, ela foi direcionada para uma casa de apoio, onde ficou até a bolsa estourar, em 5 de junho. 

Em 3 de junho, após ter recebido alta no primeiro atendimento, as dores da jovem voltaram a ficar muito fortes e ela resolveu ir ao Hospital Regional de Sorriso mais uma vez.

“Foi lá por volta de 19h, quando deu 20h dispensaram ela de novo, falaram que não tinha dilatação, que parou nos 3 cm. No mesmo dia, por volta de 22h30, teve dores mais fortes e foi de novo ao hospital”. 

Victor lamenta que a mãe de Valéria não teve permissão de acompanhar a internação da filha. Por conta disso, a jovem ficou sozinha e teria sofrido as primeiras agressões verbais das enfermeiras do Hospital Regional de Sorriso. 

“Falavam com tom de deboche: ‘você tem que ficar quieta, não pode fazer piseiro, na hora de fazer estava bom, então agora aguenta a pressão’. Poxa, uma mãe passando pelo parto, como alguém vai ficar quieto nessa ocasião? Acho que a enfermeira não está ali para isso”.

Criança estava com batimentos cardíacos fracos 

Valéria passou a noite no Hospital Regional de Sorriso aguardando pela cesárea. Por volta de 5h, uma enfermeira foi checar os batimentos cardíacos do bebê, que já estavam fracos pela demora do parto, conta Victor. 

“O coração já estava parando, já estava passando a hora do nascimento,  mas minha esposa não tinha dilatação, ela precisava de uma cesárea. Se os médicos estivessem acompanhando o caso dela de forma justa, ela não teria passado por tudo que passou”. 

Ele afirma que, por conta das fortes dores e por estar sozinha no local do parto, a jovem entrou em desespero. Valéria se lembra de ter pedido para segurar as mãos de uma das enfermeiras, mas não recebeu o acolhimento que buscava no parto do primeiro filho. 

“Minha esposa estava sozinha, pediu para segurar a mão de uma enfermeira, que olhou para ela e disse: ‘o que tenho a ver com sua dor?’. Ela entrou em desespero, em pânico, fez tanta força que estourou veias do olho, o olho está puro sangue até hoje”. 

Victor também relata que, na tentativa de forçar o parto normal, a mulher passou por uma episiotomia, procedimento conhecido como “pique” que consiste em uma incisão no períneo (entre vagina e ânus), para facilitar a passagem do bebê. 

“Cortaram minha esposa além do limite, não foi um pique. Em vez de fazer uma cesárea, forçaram o parto do meu filho. Minha esposa não está bem. Se ela tivesse morrido naquele parto, quem ia saber de todo esse sofrimento que ela passou?”. 

O filho do casal nasceu às 6h53, em 5 de junho, e, por conta da demora, Victor conta que a criança nasceu com a pele e a cabeça roxa. Atualmente, a criança está bem. 

Jovem está com sintomas de depressão 

Após ter passado pela experiência traumática do parto no Hospital Regional de Sorriso, além das dores físicas, Valéria também está com dificuldade para esquecer as agressões verbais e físicas que sofreu. 

“Ela ainda chora muito, dia e noite. Precisamos ter cuidado com ela, está depressiva, mas Deus é maravilhoso e forte, vai nos capacitar para ela não cair nisso”. 

Para expor a situação, Victor resolveu publicar o relato de negligência no Facebook. Através dos comentários da publicação, ele percebeu que a mulher não foi a única a passar por violência obstétrica no Hospital Regional de Sorriso. 

“Minha maior indignação é de que há relatos piores que o dela. Não sou só eu que sou esposo dela, qualquer pessoa que vê ela contando chora junto. Os olhos enchem de água. Minha indignação é sobre isso”. 

Ele ressalta que, até hoje, quase 10 dias após o parto, Valéria ainda nutre o sentimento de se sentir “frágil e pequena”, pelo descaso que sofreu durante o parto. O casal acionou um advogado para entrar na Justiça.

“Somos um país riquíssimo, não podemos permitir que isso aconteça com outras pessoas. Negligência médica, falta de respeito com o próximo, total desequilíbrio do profissional. Se ele não quer estar ali, não esteja. Minha esposa está viva porque Deus permitiu isso, não porque o hospital fez algo a respeito.

Outro lado 

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), informou que a direção do Hospital Regional de Sorriso tomou conhecimento da situação e vai apurar o caso. 

Após a investigação, as devidas providências, caso necessárias, serão tomadas, de acordo com a Pasta.
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