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Segunda-feira, 16 de setembro de 2024

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Incêndio no Parque Estadual Encontro das Águas tem piora e começa a preocupar pesquisadores

Foto: Reprodução

Incêndio no Parque Estadual Encontro das Águas tem piora e começa a preocupar pesquisadores
Imagens enviadas ao Olhar Direto mostram o fogo se alastrando na região do Parque Estadual Encontro das Águas, localizado entre os municípios Poconé e Barão de Melgaço. Segundo populares, a impressão que se tem é que há falta de equipes para combater ao incêndio, que já tomou três frentes, na Ilha Camargo, às margens do Rio Cuiabá, no Rio Três Irmãos e Rio Piquiri.


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“O fogo está feio até para olhar onça, ninguém está aguentando. Já queimou dois lados, não tem apoio, você não vê avião, nada. O fogo foi isolado e não tem ajuda de nada”, relata um morador da região de Porto Jofre, que acompanha a situação do incêndio desde o início no dia 1º de outubro.



Em conversa com o Olhar Direto, o pesquisador da ONG Panthera Brasil, Fernando Tortato, deu mais detalhes sobre a atual situação do incêndio no Parque Estadual Encontro das Águas. Por conta da dimensão do local, e os vários focos de incêndio em áreas remotas, de difícil acesso, o cenário é complexo para os combatentes.

“É uma linha que ficou bem grande, com vários pontos,  queimando, os bombeiros têm atuado em uma frente  próxima da Ilha Camargo, no Rio Cuiabá. Mas como tem muitas frentes de fogo, no Rio Piquiri, no Três Irmãos, então não tem bombeiro em todas as áreas. Tem pontos que não há nenhum combate, nem nada, porque é uma situação muito complexa, muito difícil”, conta Fernando.

O pesquisador conta que o incêndio já chegou na área do Santuário das Onças, que abriga o maior número de onças-pintadas do Brasil, no entanto, não se deve comparar com a magnitude dos incêndios ocorridos em 2020, que destruiu cerca de 39 mil quilômetros quadrados do Pantanal, matando mais de 16 milhões de animais.  

“Está queimando nessa área sim, mas é um fogo diferente daquele de 2020, não tem como comparar com 2020, porque foi uma mega tragédia, mas obviamente traz impactos, vai empobrecendo a biodiversidade, porque é um fogo que está cada vez mais recorrente. Esse que é o problema do Pantanal, ele tem certa resiliência ao fogo. E quando fica cada vez mais frequente, se transforma em uma ameaça para a biodiversidade”, afirma Tortato.



Falta de atenção no início

Para Fernando, um equívoco cometido pelo Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso foi não ter “levado a sério” o fogo no início dele, há mais de 20 dias. Os primeiros focos foram registados em áreas privadas, de fácil acesso.

“No começo, quando estava fora do Parque, em uma área privada que tinha acesso com trator, lá o Poder Público não fez todo o esforço que poderia ter sido feito, e agora, ele está em uma escala muito grande. Óbvio que o fator climático, a questão logística vai ser complexa, mas todo e qualquer incêndio você tem que agir do princípio, depois que ele ganha uma dimensão, ainda mais no Pantanal, numa região remota, é muito difícil controlar”, conta o pesquisador.

“Estava uma equipe lá, eles conseguiram reduzir bastante o incêndio, mas eles simplesmente confiaram que o fogo iria estar controlado, e no dia seguinte deu um vendaval, o fogo voltou com muito mais força. E aí agora está esse cenário que a gente não tem realmente como fazer muita coisa com a equipe que está lá. Teria que ter uma equipe muito maior, um esforço muito maior, para pelo menos conter um pouco do dano que o incêndio pode causar. É impressionante a dimensão que o fogo já tá atingindo em diferentes frentes, então não tem esforço humano que vai dar conta, porque é muita área queimando em áreas de muito difícil acesso”, complementa.



O comandante-geral dos Bombeiros, coronel Alessandro Borges, sobrevoou a região na última semana, para avaliar o impacto dos incêndios e estudar o emprego de mais efetivo. Ele avaliou que as estratégias utilizadas até o momento foram corretas e, por isso, as equipes conseguiram conter o fogo em uma área específica do parque.

O comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), tenente-coronel Marco Aires, explicou que, desde a detecção do fogo, no início do mês, equipes foram enviadas ao local e, atualmente, são mais de 30 militares atuando no combate em regiões alagadas para impedir o avanço do fogo.

Segundo Aires, os militares se distribuem em quatro pontos estratégicos ao longo das margens do Rio Canabu para combater o incêndio que atinge o Parque Estadual Encontro das Águas. 

Os pontos de combate foram definidos de acordo com a direção do vento e maior proximidade de recursos hídricos para que os bombeiros possam fazer o uso de motobombas para o combate direto conciliado com os lançamentos de água pelas aeronaves do Grupo de Aviação Bombeiro Militar (GAVBM). 

No entanto, conforme relata Fernando Tortato, o uso de aeronaves não é suficiente, se não há equipe em solo para ajudar no combate às chamas.

“O tempo que dá para o avião jogar a água e voltar, o fogo já ressurgiu. O Pantanal a gente tem o fator daquele fogo subterrâneo, que vai queimando por baixo. Então, essa água da aeronave não é suficiente, ela dá uma acalmada, mas ela não apaga o fogo”, disse.

Outro lado

O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso foi contatado pela reportagem, a respeito do incêndio, e enviou a seguinte nota:

Nesta segunda-feira (23), cerca de 30 militares do Corpo de Bombeiros permanecem distribuídos em pontos estratégicos ao longo dos Rios Canabu, Cuiabá e São Lourenço para combater o incêndio que atinge o Parque Estadual Encontro das Águas, entre Poconé e Barão de Melgaço.

Aeronaves dos Bombeiros e da Defesa Civil fazem o despejo de água para diminuir a intensidade das chamas e aumentar a umidade na região.

A Sala de Situação Central, em Cuiabá, continua com o monitoramento remoto do incêndio com satélites de alta tecnologia para orientar as equipes em campo.



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