O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, vai participar de uma audiência nos próximos dias com a bancada federal de Mato Grosso para tratar sobre o conflito agrário em meio ao processo de reintegração de posse no assentamento Itanhangá, no município de Tapurah, a 429 km de Cuiabá. A informação é do senador Jayme Campos (UNIÃO), que também integra a bancada.
Leia também
Incra cita operações, ocupantes "laranjas" e conflitos entre os assentados e invasores para pedir a reintegração de posse em Itanhangá
No último dia 24, a página oficial do Incra no Instagram publicou um vídeo no qual a diretora da Câmara de Conciliação Agrária, Maíra Coraci, diz que os trabalhos de retomada judicial dos lotes ocupados irregularmente demonstram o compromisso do Incra com a retomada da reforma agrária.
De acordo com o senador, não é correto que o Incra queira realizar uma nova reintegração de posse e retirar famílias e trabalhadores rurais que ajudaram a construir o assentamento e “jogá-los para qualquer lugar”. Por isso, diz ele, o ministro será convidado para uma audiência a fim de discutir a questão.
Segundo Jayme, será sugerido ao ministro que execute um raio-x dos atuais assentados com o objetivo de resolver o impasse e detectar eventuais irregularidades.
“Nessa próxima semana, eu imagino, teremos uma audiência com o ministro da Reforma Agrária, que é o Paulo Teixeira, pedindo a ele, com certeza, que se faça [uma seleção] de forma criteriosa e se tiver alguém que não esteja dentro do script, ou seja, que esteja lá há mais de 15, 20 anos, [que dê tempo] até o que poderia relocar. Entretanto, agora para fazer o que estão fazendo lá, eu acho que é um desrespeito ao trabalhador”, disse o senador.
A área, que possui 115 mil hectares, é dividida em lotes de 100 hectares e é ocupada atualmente por centenas de pessoas que dependem dessas terras para moradia e produção agrícola. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) é o autor das ações civis públicas movidas na Justiça Federal de Diamantino, buscando retomar as parcelas ocupadas.
Jayme disse crer numa resposta pacífica para a situação e defendeu a intervenção do governo para que os trabalhadores não fiquem desamparados.
“Ninguém que está lá é aventureiro. São pessoas que têm raízes lá dentro, pessoas que derramaram suor, lágrimas. E agora se jogar para a toque de caixa com presença da Polícia Federal para expulsar daquela propriedade. Tudo que eles tiveram na vida foi construído ali. E agora, como é que faz? O governo tem que dar uma resposta, mas é uma resposta que certamente servirá para atender a classe trabalhadora”.