Após ficar fora da chapa que irá disputar o comando da Assembleia Legislativa (ALMT), nesta quarta-feira (07), a deputada Janaina Riva (MDB) lamentou o fato de ter sido preterida na disputa pela 1ª Secretaria. Na avaliação da emedebista, o fato de a única mulher não ocupar um dos cargos da Mesa Diretora derruba o discurso dos parlamentares, de defesa da participação feminina na política.
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“Eu, Barranco, Lúdio, outros colegas deputados, o próprio Dr. João, que será nosso primeiro secretário, por muitas vezes nós falamos da nossa vontade de ver uma mulher na Mesa Diretora da casa, que seria especialmente no cargo de primeira secretária ou presidente. E a gente fez tudo para isso, né? Agora, é claro, muitas forças, muita pressão externa, isso acabou prejudicando um pouco o processo”, afirmou.
“Então, é uma frustração como mulher, gostaria muito. Não sei se nós teremos, mas nós vamos trabalhar para ter mais mulheres na próxima legislatura. Eu não devo estar aqui na Assembleia, é algo que eu já tomei como uma decisão. Mas eu espero que venham outras mulheres. Mas, a mensagem que a mesa diretora passa, sem uma mulher na Mesa, eu acho muito ruim. Porque em toda a campanha todo mundo fica que a mulher é maravilhosa, que a mulher tem que ocupar espaço. Na hora de tomada de decisão, a mulher é preterida. Então, assim sinto aqui na casa. Mas, como eu disse, é um colegiado”, disparou.
Apesar da crítica, Janaina evitou afirmar que o veto ao seu nome tenha partido diretamente do Palácio Paiaguás, mas lamentou que colegas tenham sucumbido a pressões externa. Na disputa pela formação da Mesa liderada por Max Russi (PSB), a deputada chegou a garantir 15 votos, contra o vice-líder do Governo, Beto Dois a Um, e o líder, Dilmar Dal Bosco – ambos do União Brasil.
“Não me sinto vítima, sou muito forte para ser uma vítima. Eu enfrentei uma pedreira. Disputei com o deputado Beto e nós conseguimos vencer. Nós disputamos com o Dilmar e continuamos na liderança. Agora chega um ponto que a pressão é tamanha que eu, como uma deputada dentro desse colegiado, não consigo segurar. Então, eu não culpo, não acho que é culpa do governo. Nós estamos em 24, cada um é dono das suas decisões. No meu caso, por exemplo, está para nascer o homem ou a mulher que manda no meu voto”, disse.
Agora chega um ponto que a pressão é tamanha que eu, como uma deputada dentro desse colegiado, não consigo segurar
“Agora, aqueles que se sujeitam a esse tipo de interferência, é mais mesmo, como disse o Barranco, um dilema para a Assembleia internamente, dos colegas que cedem esse tipo de pressão, tendo uma convicção de que um projeto para a Assembleia seria interessante, um projeto de independência, do que com o próprio governo. O governador é humano, pode fazer o seu trabalho. Hoje é governador do Estado, todos podem. Mas nós, 24, é que temos que tomar uma decisão”, completou.
Visivelmente incomodada, Janaina afirmou que só participa da sessão desta quarta para apoiar o nome do colega Dr. João (MDB) na 1ª Secretaria. Admitiu ainda, que muitos deputados estão insatisfeitos com o resultado da composição da chapa.
“Entendo que a gente acabou fazendo uma boa escolha através do Dr. João. Hoje vim aqui só para votar nele, né? Eu sei que alguns colegas tinham dito que não viriam votar e tudo mais. Gerou uma certa insatisfação também dos colegas. Mas, agora é o momento de união da Casa, o assunto agora de eleição está encerrado. Aliás, foi encerrado no dia 5, desde que nós protocolamos a chapa que vai representar a Assembleia”, declarou.
“Agora, que houve pressão externa, com certeza houve. Quem diretamente fez, eu estou igual vocês, eu só ouvi falar. Fulano disse, ciclano disse e tudo mais. Mas eu sabia que essa eleição só não seria minha se ela fosse tomada. E tomada ela foi. Então, agora é seguir aqui, com a mesma atuação e tudo mais, e fazendo o trabalho, pensando agora em 2026”, pontuou.
Sem submissão
Por fim, Janaina reforçou que não seguirá as orientações do pai, José Riva, que em entrevista ao PodOlhar, disse que caso a 1ª Secretaria fosse tomada da filha, não restaria outro caminho a não ser o de deixar a base do governo. Ela garantiu que seguirá apoiando os prejetos, mas que a Assembleia não pode ser submissão ao Executivo.
“E que é claro que a gente deve auxiliar o governo, mas nós não devemos ser submissos ao governo. Isso é muito perigoso para um poder tão forte como a Assembleia. Então acredito que é por isso que hoje muitos colegas não vão participar, e no meu caso, essa decisão tomada de não participar, porque eu já havia sido vice-presidente, não teria sentido, já tinha assumido a Presidência interinamente, não teria sentido continuar na Mesa se não fosse para ocupar um desses dois cargos”, disse.