A professora e vice-presidente do Sintep-MT, Leliane Borges (PT), candidata à Prefeitura de Várzea Grande, afirmou durante entrevista ao Olhar Direto que a família Campos, representada pelo senador Jayme Campos e pelo deputado estadual Júlio Campos (ambos do União Brasil), merece respeito por sua trajetória política, mas que o município precisa superar esse ciclo. As lideranças, que atualmente apoiam a reeleição do prefeito Kalil Baracat (MDB), são figuras históricas na política local, e, segundo Leliane, estão ligadas a um período que precisa ser renovado.
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"Eu respeito muito os representantes, tanto Júlio Campos como Jayme Campos, porque eles fizeram a política da época. Mas a gente tem que superar, não desrespeitar os mais velhos", afirmou a candidata, sinalizando uma postura diferente da de sua adversária, Flávia Moretti (PL). Moretti, ao longo da campanha, tem feito críticas contundentes aos irmãos Campos, responsabilizando-os por problemas históricos de Várzea Grande.
Leliane, por outro lado, evita confrontos diretos e reforça a importância de um novo modelo de governança que promova a inclusão social e o desenvolvimento econômico sustentável. Sua visão contrasta com a abordagem crítica de Moretti, ao passo que se propõe a dialogar com o legado da família Campos de maneira respeitosa, mas defendendo a necessidade de renovação política.
Durante a entrevista, Leliane também abordou o papel da esquerda no Brasil, em meio a uma forte rejeição popular ao movimento em algumas regiões. A candidata enfatizou que a esquerda representa a defesa dos direitos sociais e a inclusão de todas as pessoas, independentemente de sua classe social ou local de moradia.
"A esquerda não é parte do A, B ou C. É uma postura em defesa de direitos sociais e inclusão de todas as pessoas. Seja ela moradora do centro, do bairro, ou do campo. Eu sempre vou defender a pauta da população, não de grupos pequenos, grupos do capital", declarou Leliane.
Ela destacou o legado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como exemplo de uma política de inclusão social que mudou a vida das classes mais pobres, permitindo maior acesso a bens de consumo e qualidade de vida. Segundo Leliane, a era Lula representou uma quebra com a política voltada apenas para a elite.
A candidata também relembrou a história da exclusão social no Brasil, mencionando a abolição da escravatura sem políticas públicas que integrassem o povo negro na sociedade, e fez uma analogia com o que considera uma política que, por muito tempo, beneficiou apenas os mais privilegiados. "A política era da elite para a elite", disse ela, apontando que o atual momento exige um governo que promova a inclusão de todas as pessoas.
Leliane finalizou sua fala defendendo a construção de uma nova política em Várzea Grande, voltada para o desenvolvimento sustentável e a inclusão social, sem desqualificar o passado, mas com foco no futuro. "Há possibilidade de a gente construir uma nova política, e não desqualificando os que aqui passaram. Era um momento diferente, agora o momento é de inclusão".