A presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, que disputa a reeleição, afirmou que as investigações sobre casos de compra de sentenças devem ser conduzidas de forma rigorosa. Ela também destacou que o suposto envolvimento do advogado Roberto Zampieri, executado em Cuiabá no final de 2023, não compromete a imagem da OAB-MT ou da advocacia de modo geral. As declarações foram dadas durante entrevista ao  PodOlhar, em um momento em que dois desembargadores estão afastados por suspeitas de participação em um esquema de venda de sentenças, conforme relatado pela revista Veja.

ASSISTA A ÍNTEGRA DO PODOLHAR COM CANDIDATA À REELEIÇÃO NA OAB-MT, GISELA CARDOSO:



Gisela ressaltou que, quando houve o compartilhamento de informações do celular de Zampieri, a OAB Nacional questionou a medida por entender que o sigilo profissional deveria ser preservado. “Quem requereu foi o Conselho Federal, que requereu, junto ao CNJ, o não compartilhamento ou a quebra. A OAB Mato Grosso sempre se posicionou no sentido de resguardar as prerrogativas. Prerrogativas são inquestionáveis, são inegociáveis”, afirmou Gisela. Ela enfatizou que a lei garante o sigilo profissional entre advogado e cliente, e que esse sigilo deve ser preservado, independentemente do meio em que as informações estejam armazenadas.

No entanto, a presidente da OAB-MT reconheceu a importância das investigações e a necessidade de esclarecer os fatos. “É evidente a necessidade de se apurar o que realmente acontecia e aconteceu. Porque nós temos aí dois afastamentos de dois desembargadores, nós temos afastamento de um juiz. É imprescindível que sejam apurados os fatos e as responsabilidades”.

Ela também defendeu que a OAB-MT tem legitimidade para acompanhar o caso e cobrar o devido esclarecimento. “A OAB pediu acesso aos autos lá no CNJ. A OAB pediu para participar. Eu entendo que a OAB não tem apenas interesse, mas tem legitimidade para acompanhar e cobrar que tudo seja esclarecido e que as responsabilidades sejam efetivamente apuradas e cobradas”, declarou Gisela.

Questionada se o suposto envolvimento de Zampieri em atividades ilegais poderia manchar a imagem da OAB-MT, Gisela foi enfática em dizer que não. Segundo ela, a conduta individual de advogados que eventualmente tenham cometido irregularidades não reflete a atuação da classe como um todo. “Se comprovado que um advogado atuou como lobista ou de forma ilegal, ele é responsabilizado nos limites da sua responsabilidade. Isso não se estende a toda uma classe, nem a uma instituição inteira”, afirmou.

Por fim, Gisela reforçou que a OAB continuará buscando apurar todas as responsabilidades e que, se houver advogados envolvidos em irregularidades, as punições serão aplicadas conforme o Código de Ética e Disciplina da Ordem.