Em Mato Grosso, a hanseníase está presente em quase 90% dos municípios, um dado alarmante que foi apontado pelo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Guilherme Maluf, que encabeça um grupo de estudo que visa traçar o panorama da doença no estado.
Leia também
Flávia Moretti anuncia secretário de Serviços Públicos e Mobilidade Urbana de Várzea Grande; veja vídeo
"Hoje nós temos hanseníase detectada em quase 90% dos municípios do nosso estado. Não é pouca coisa, são muitos municípios que estão acometidos. Como já disse, Mato Grosso ocupa o primeiro lugar nessa questão e a nossa ideia é propor um plano de ação institucionalizado e sobretudo sustentável para que se possa ir baseado em três colunas", destacou.
O primeiro passo, segundo ele, é reforçar a atenção primária, garantindo que os ambulatórios em todas as regiões estejam preparados para identificar e tratar casos de hanseníase.
Além disso, Maluf propõe a criação de um centro secundário de atendimento, que funcionaria como um ponto de referência para os casos mais complexos.
"Criar um centro referenciado, ou secundário, de atendimento à hanseníase, porque muitas vezes não se consegue fazer o diagnóstico desses municípios longínquos da capital. Eles precisam de um auxílio que seria dessa unidade secundária", afirmou.
Esse centro também permitiria oferecer tratamento especializado para as incapacidades causadas pela doença, como o comprometimento dos nervos, que gera limitações físicas significativas para os pacientes.
Outro ponto crítico é a necessidade de cirurgias de reabilitação, que atualmente precisam ser realizadas fora do estado.
"A hanseníase, além dos problemas de pele, traz uma incapacidade para a pessoa que atende com o comprometimento dos nervos. A necessidade de cirurgias que possam fazer a reabilitação dos pacientes, que hoje não são feitas aqui em Mato Grosso, são pacientes que são encaminhados para fora. Então nós precisamos ter esse centro secundário", pontuou.
Maluf ressalta a importância da pesquisa para entender o que faz com que Mato Grosso seja o estado com o maior número de casos de hanseníase no Brasil.
"Sobretudo, estimular pesquisa, conhecer por que Mato Grosso ocupa esse primeiro lugar, conhecer que tipo de bactéria é essa no nosso estado, porque eu tenho certeza que deve ser um tipo mutante, não deve ser um tipo habitual", afirmou.
Segundo o conselheiro, embora o estado faça "o dever de casa" no combate à doença, as medidas ainda são insuficientes para reduzir a incidência da hanseníase, sugerindo que fatores específicos, como uma possível variante bacteriana, poderiam estar relacionados ao quadro elevado de casos.