Pela primeira vez, a proporção de não-leitores no Brasil, que chega a 53%, supera a de leitores, segundo a sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro. O estudo aponta que, em 2024, mais da metade da população declarou não ter lido nenhum livro nos três meses anteriores à pesquisa, e 73% dos brasileiros não completaram a leitura de um livro inteiro. A perda de leitores atinge quase 7 milhões de pessoas em quatro anos.
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Para Clovis Matos, o Papai Noel Pantaneiro, esses números refletem a falta de incentivo à leitura, especialmente nas áreas rurais e periféricas. Clovis, que há 19 anos percorre o país com o projeto Inclusão Literária, contou ao PodOlhar sua experiência em levar livros para comunidades afastadas. "É falta de acesso mesmo. Quando as pessoas têm acesso, elas querem. Gostam demais disso", afirmou.
Ele compartilhou um episódio ocorrido em uma viagem ao Nordeste: "Estava no Sertão baiano, parei em uma barraca para entregar livros, e uma senhora veio correndo atrás, pedindo um livro para o neto que não estava presente. Isso mostra o quanto as pessoas desejam ler, mas não têm acesso".
Clovis destacou a ausência de políticas públicas efetivas para promover a leitura. "O governo nunca me procurou para conversar ou entender os resultados do meu trabalho. Incentivar a leitura é função do governo. Sem isso, a tendência é piorar", disse. Ele também mencionou que as ações existentes são insuficientes. "Você ouve falar de iniciativas em escolas, mas são ações muito pequenas. Precisamos de mais do que isso."
Outro ponto levantado por Clovis foi a centralização das pesquisas e iniciativas nos grandes centros urbanos, enquanto comunidades rurais e afastadas são negligenciadas. "Quando vou a uma cidade e coloco livros na praça, as pessoas pegam e leem. Em Cáceres, distribuí quase 500 livros em poucas horas. Elas me disseram: 'A gente não tem livro. Está precisando. Querendo ler'."
Para ele, o impacto da leitura na formação é evidente. "Os grandes destaques no Enem são leitores. Não importa de onde vêm. Se você perguntar a alguém que tirou uma nota alta na redação, vai descobrir que lê muito. Mas falta incentivo. É disso que precisamos", concluiu.
Apesar das dificuldades, Clovis segue com o projeto de forma independente, financiado por recursos próprios e eventuais patrocínios. Ele acredita que ações como a dele precisam de maior reconhecimento e apoio, especialmente em um cenário de declínio nos índices de leitura.
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