O deputado Valdir Barranco (PT) atribuiu à Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) parte da responsabilidade pelos atrasos e problemas nas obras do BRT em Cuiabá. O parlamentar destacou que se posicionou contra a substituição do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pelo novo modal e relembrou que promoveu uma audiência pública em 2021 para debater a mudança, sem adesão significativa dos deputados estaduais.
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“Eu sempre me posicionei contrário à mudança de modal. Não dá para admitir que, em pleno século XXI, já em 2020, quando começou-se a discutir isso, nós fôssemos dar um cavalo de pau e retroagir. Nenhum lugar do mundo troca VLT por ônibus, e aqui foi exatamente isso que aconteceu”, afirmou Barranco nesta segunda-feira (03).
O petista reforçou que ao autorizar a troca de modais e até a venda dos vagões, a ALMT foi conivente com a decisão do governo estadual de substituir o VLT pelo BRT e agora enfrenta as consequências da escolha. “A Assembleia tem total responsabilidade com o que aconteceu. Não poderíamos, depois de tantos investimentos, abrir mão para colocar ônibus novamente para a população. E agora o governador não consegue entregar a obra”, criticou.
Nas últimas semanas, o governador Mauro Mendes (União) cogitou a possibilidade de rescindir o contrato do BRT sem penalização para o estado, justificando que o governo tem cumprido rigorosamente os pagamentos ao Consórcio Construtor BRT e que a empresa responsável deve demonstrar capacidade técnica e financeira para concluir a obra.
Barranco apontou ainda que a decisão de trocar o modal beneficiou outros estados, como a Bahia, que adquiriu os vagões originalmente destinados ao projeto em Cuiabá. “Agora quem vai surfar nisso é a Bahia, porque já tem metrô instalado e também vai ter VLT. Quem anda pela Europa sabe a diferença que é ter esse tipo de transporte”, completou.
As obras do BRT seguem em ritmo lento, gerando transtornos para motoristas, pedestres e comerciantes da Avenida do CPA, uma das principais vias da capital. A indefinição sobre o futuro do projeto mantém a polêmica sobre a troca do modal no centro do debate político estadual.