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AGRESSÕES RECORRENTES

Vítima de feminicídio nunca chegou a registrar BO contra ex-namorado: "não acreditava nos meios estatais de proteção"

17 Fev 2025 - 10:03

Da Redação - Mayara Campos / Do Local - Luis Vinicius

Foto: Reprodução

Vítima de feminicídio nunca chegou a registrar BO contra ex-namorado:
A vítima de feminicídio, Vitória Camily Carvalho Silva, de 22 anos, não acreditava na eficácia de medidas protetivas, mesmo tendo sido alvo de diversas agressões cometidas pelo ex-namorado e autor do crime, Helder Lopes de Araújo, 23 anos. Ela também nunca chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o suspeito.


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"Infelizmente, as testemunhas explicaram que ela não acreditava nos meios estatais de proteção e, por esse motivo, ela, a despeito de sofrer agressões pretéritas, não registrou nenhum boletim de ocorrência”, disse o delegado Nilson Farias, durante coletiva na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) após a prisão de Helder, no domingo (16).

O relacionamento entre Vitória e Helder era marcado por violência e ameaças. Há três meses, a jovem decidiu romper a relação e mudou de endereço sem que ele soubesse, fingindo estar viajando. Durante esse período, ela passou a dividir uma casa com amigas e seguiu trabalhando. No entanto, Helder não aceitou o término e, na noite de sábado (15), invadiu a festa de aniversário da irmã para cometer o crime.  

O suspeito foi preso na madrugada de domingo (16), enquanto tentava fugir para Mato Grosso do Sul com o irmão. A detenção ocorreu durante uma abordagem da Polícia Militar em Rondonópolis, a 215 km de Cuiabá. Ao ser conduzido à Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Helder declarou à imprensa que matou Vitória por conta de um suposto aborto. A família da vítima nega veementemente a alegação.  

A juíza plantonista Cristiane Padim da Silva determinou a prisão preventiva de Helder. Durante a audiência de custódia, a magistrada destacou que houve prova de materialidade e indícios suficientes de que o acusado foi responsável pelo crime. Além disso, foi apontado que a conduta do assassino demonstra que o crime teria sido planejado.  

O delegado Nilson Farias também ressaltou a gravidade do feminicídio, destacando que, na visão do suspeito, Vitória ainda "pertencia" a ele, mesmo após o término do relacionamento.

"Essa diferença do tempo, para a vítima 4 meses, para ele 4 dias, também reforça a peça do feminicídio, porque na cabeça dele, mesmo após o fim do relacionamento, ela pertencia a ele. Acredito que na cabeça dele, ele continuava sendo o possuidor dessa menina, que já tinha rompido o relacionamento, não queria mais ele, mas mesmo assim, como se fosse um problema psicológico, ele entendia que ela continuava sendo a mulher dele”, disse.

Por último, o delegado reforçou a importância de denunciar as agressões em casos de violência doméstica, para que os órgãos de proteção possam agir. 

“Se você sofre alguma agressão ou alguma ameaça por parte de um companheiro, é de extrema importância que leve isso ao conhecimento da polícia para que você possa ser beneficiada com uma medida protetiva e com todas as medidas psicológicas, fazer esse indivíduo passar por uma reciclagem de pensamento. Mas se você não acreditar no Estado, como foi o caso dessa jovem, muitas das vezes o primeiro momento que o Estado vai agir é quando sua vida já foi retirada”, afirmou Nilson.
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