O deputado estadual Júlio Campos (União) afirmou que não se arrepende de ter dado sustentação ao regime militar (1964-1985) e relativizou a repressão política imposta durante o período. Durante entrevista ao PodOlhar, o parlamentar descreveu a ditadura como um momento de "paz, progresso e ordem" e justificou a perseguição a opositores com a alegação de que havia um movimento de guerrilha atuando contra o governo.
"Foi uma ditadura, como se falava assim, tranquila, tinha paz no país, tinha progresso, desenvolvimento, ordem", disse. Questionado sobre as mortes e a repressão aos opositores do regime, respondeu: "Tinha, porque era o subversivo, o pessoal que queria derrubar o governo. O governo teve que reagir".
A versão do deputado contrasta com levantamentos históricos e documentos oficiais que apontam o uso sistemático de tortura, censura e perseguições políticas no período. Segundo a Comissão Nacional da Verdade (CNV), ao menos 434 pessoas foram mortas ou desapareceram em decorrência da repressão. Além disso, milhares de brasileiros foram presos, exilados ou torturados pelo regime.
Campos também exaltou o desenvolvimento econômico e a expansão da infraestrutura durante a ditadura. "Mato Grosso não existia antes do governo dos militares. Não tinha asfalto, não tinha energia 24 horas, não tinha telefonia", afirmou. De fato, o período foi marcado por grandes obras, mas também pelo aumento da desigualdade e do endividamento do país, que culminou em uma grave crise econômica nos anos 1980.
O parlamentar iniciou sua trajetória política na Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido criado em 1965 para dar sustentação ao regime militar. Posteriormente, migrou para o PDS, sigla sucessora da Arena após o fim do bipartidarismo em 1979. Foi eleito prefeito de Várzea Grande, deputado federal e governador de Mato Grosso sob a legenda desses partidos.
A ditadura militar chegou ao fim em 1985, com a redemocratização e a eleição indireta de Tancredo Neves à Presidência da República. A transição para a democracia consolidou direitos políticos e garantias individuais que haviam sido suspensos pelos atos institucionais do regime.
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