O chef de cozinha Christian Albino Cebalho de Arruda, 28 anos, negou qualquer envolvimento no assassinato da adolescente Emelly Azevedo Sena, 16 anos, e afirmou que desconfiava da namorada, Nataly Hellen Martins Pereira, 28 anos. O depoimento de Christian foi prestado à Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, após sua detenção na manhã desta quinta-feira (13), quando acompanhava a suposta filha no Hospital Santa Helena. Ele foi liberado após ser interrogado.
Leia também
Mulher agiu com frieza ao confessar ter matado jovem e cortado barriga para retirar recém-nascida
Conforme as investigações, Nataly teria planejado e executado o crime sozinha, matando Emelly para retirar o bebê da vítima e apresentá-lo como seu próprio filho. De acordo com Christian, ele nunca acompanhou a namorada em exames pré-natais e passou a suspeitar da gravidez após perceber que ela apagava mensagens do celular.
No interrogatório, Christian relatou que trabalhava no restaurante Meats Grill no momento do crime e que não levou o celular no dia, pois dividia o aparelho com Nataly. Ele afirmou que a namorada disse que almoçaria na casa do cunhado no bairro Jardim Florianópolis, mas que a resposta despertou sua desconfiança.
"Você vai almoçar com quem? Não tem ninguém lá", teria questionado Christian.
No entanto, ele alegou que não investigou mais a situação. Após o crime, foi chamado por Aledson Júnior, cunhado de Nataly, para ir ao hospital, onde encontrou a namorada já internada com o bebê.
"Cheguei a perguntar se não era eu que deveria ter acompanhado o parto, e a Evelyn [cunhada de Nataly] respondeu que tudo foi muito rápido", relatou.
Ainda segundo Christian, foi no hospital que um policial militar informou que o bebê não pertencia à sua namorada e que o casal deveria prestar esclarecimentos na delegacia.
Resumo do depoimento
1. Christian nega envolvimento no crime
Logo no início do interrogatório, Christian negou que tenha matado, participado ou planejado a morte da adolescente Emelly Azevedo Sena, 16 anos. Ele alegou que não conhecia a vítima e que não sabia que sua namorada, Nataly Hellen Martins Pereira, mantinha contato com a jovem.
2. Rotina no dia do crime
- No dia 12 de março de 2025, Christian disse que chegou ao restaurante Meats Grill às 9h, onde trabalha como chef de cozinha.
- Ele se deslocou até o restaurante em uma motocicleta modelo 125CG preta, pertencente a Nataly.
- Não levou o celular, pois dividia o aparelho com Nataly, e ela ficou com ele neste dia.
- Trabalhou ininterruptamente até as 15h, quando saiu para casa, no residencial Santa Inês.
- Permaneceu em casa até pouco antes das 16h, quando seu cunhado, Aledson Júnior, chegou perguntando “se estava preparado”, avisando que o bebê estava para nascer.
3. Ida até o hospital e surpresa com o parto
- Christian afirmou que foi de motocicleta até o Hospital Santa Helena, acompanhado de Aledson.
- Ao chegar, Nataly já estava internada e familiares dela estavam no local.
- Não conseguiu ver o bebê de imediato, pois não era horário de visita.
- Voltou para casa de carona com Aledson, tomou banho e fez uma chamada de vídeo com Evelyn, cunhada de Nataly, que estava no hospital.
- Questionou por que ele não havia acompanhado o parto, e Evelyn respondeu que "tudo foi muito rápido".
- Por volta das 21h, retornou ao hospital de carona com uma amiga e viu o bebê pela primeira vez.
4. Abordagem policial e prisão
- Enquanto estava no hospital, Nataly saiu para fumar e Christian ficou sozinho com o bebê.
- Um policial militar entrou no quarto e pediu que ele o acompanhasse.
- O PM informou que o bebê não pertencia a Nataly e que ele precisaria prestar esclarecimentos na delegacia.
- Christian disse que deixou o bebê com uma enfermeira e acompanhou o policial.
- Na parte inferior do hospital, encontrou Nataly já detida e sendo escoltada por outro PM.
- Ambos foram levados até a Delegacia do CISC Verdão, onde prestaram depoimento.
5. Relação com Nataly e desconfiança da gravidez
- Christian afirmou que mantinha um relacionamento com Nataly há pouco mais de um ano.
- Nataly disse estar grávida três meses após o início do relacionamento, mas ele nunca a acompanhou em exames pré-natais.
- Ele relatou que Nataly apresentava fotos e exames que indicavam a gravidez, então não questionou.
- Pegava na barriga dela e acreditava que ela estava grávida.
- Contudo, começou que a namorada escondia algo porque Nataly frequentemente apagava mensagens do celular.
- Quando perguntado sobre isso, Nataly respondia que eram "conversas de meninas".
6. Desconfiou do almoço no dia do crime
- No dia do crime, Nataly afirmou que iria almoçar na casa do cunhado, no bairro Jardim Florianópolis.
- Christian disse que estranhou a justificativa, pois sabia que ninguém morava na casa naquele momento.
- Perguntou: “Você vai almoçar com quem? Não tem ninguém lá”, mas acabou acreditando na explicação dela.
Conclusão do interrogatório
Após responder às perguntas da autoridade policial, Christian não apresentou mais declarações. O interrogatório foi encerrado às 20h12 do dia 13 de março de 2025, com assinatura digital de Christian Albino Cebalho de Arruda, do delegado Michael Mendes Paes e do escrivão Francisco José Prata Vidal.
Contexto das investigações
- A investigação apontou que Nataly Hellen Martins Pereira perdeu o bebê do casal em setembro de 2024 e teria planejado o crime para ficar com outra criança.
- A adolescente Emelly Azevedo Sena, de 16 anos, foi estrangulada antes de ter a bebê retirada do útero.
- O corpo foi encontrado enterrado no quintal de uma casa no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá.
- Além de Christian, outros dois homens, Cícero Júnior e Aledson Júnior, foram detidos no local e depois liberados.
- Nataly confessou o crime e foi autuada por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual.