O chef de cozinha Christian Albino Cebalho de Arruda, de 28 anos, ex-marido de Nataly Helen, acusada de matar a adolescente grávida Emelly Beatriz Azevedo Sena, de 16 anos, para roubar o bebê dela, afirmou que jamais poderia imaginar que a mulher com quem conviveu por anos seria capaz de cometer um crime tão brutal.
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Visivelmente abalado, o chefe de cozinha afirmou, em entrevista exclusiva à TV Centro América, que Nataly era amorosa e sempre brincalhona.
“Convivi com ela e não me aparentava ser uma assassina, uma monstra. Era uma pessoa boa para todo mundo, brincalhona. Não entendo por que ela fez isso! Eu também me pergunto: o que passa na cabeça dela?”, disse.
Christian relatou que, apesar de acreditar na gravidez de Nataly, sempre teve dúvidas sobre ser o pai da criança.
“Desconfiança da gravidez dela eu não tive. Eu vi a barriga mexer, vi ela passando mal, vomitando como qualquer grávida. A desconfiança que eu tinha era de que a filha não seria minha porque aconteceram coisas no passado. Eu iria fazer o exame de DNA”, relatou.
O chef também explicou por que chegou a publicar uma foto da recém-nascida nas redes sociais, no dia em que o crime foi descoberto. Segundo ele, Nataly havia enviado a imagem e, por confiar que a gestação era verdadeira, não suspeitou de nada.
“Aquilo é foto que ela conseguiu no telefone. Eu peguei e só repostei, não foi foto que eu tirei. Não sabia em momento nenhum que era falsa. Acreditei no que ela falava. Ela disse que era da ultrassom que tinha feito, chegou até a aparecer com um papel da ultrassom”, confessou.
Cristian chegou a ser preso por suspeita de envolvimento na morte da adolescente, mas foi liberado. O Ministério Público Estadual (MPMT) descartou a participação material no crime, mas ele ainda é investigado pelo órgão.
Relembre
O caso veio à tona no dia 12 de março, quando a bombeiro civil Nataly Helen deu entrada no Hospital e Maternidade Santa Helena, em Cuiabá, com uma bebê recém-nascida e alegando que teria dado à luz em casa. A versão levantou suspeitas entre os médicos da unidade, especialmente após ela se recusar, inicialmente, a realizar exames solicitados pela equipe de plantão.
Diante da insistência dos profissionais de saúde, Nataly acabou passando pelos exames, que comprovaram que ela não apresentava sinais recentes de parto, como produção de leite materno ou alterações uterinas típicas do pós-parto. A inconsistência do relato levou a equipe a acionar as autoridades.
Paralelamente, familiares de Emelly, uma adolescente de 16 anos que estava grávida de nove meses, registraram o desaparecimento da jovem, que havia saído de casa, em Várzea Grande, no mesmo dia, afirmando que iria até Cuiabá buscar roupas de bebê com uma conhecida.
Horas depois, a conexão entre os dois casos começou a se desenhar. Pressionada, Nataly confessou o crime. Segundo a versão apresentada à polícia, ela atraiu Emelly até sua residência, onde a assassinou e retirou a bebê do ventre da vítima com a intenção de criá-la como filha. A motivação, de acordo com o depoimento, seria o desejo de simular uma gestação e manter a aparência de uma maternidade real, enganando inclusive o próprio ex-marido.
O corpo de Emelly foi encontrado enterrado em uma cova rasa nos fundos da casa dos pais de Nataly, um dia depois.
Além de Nataly, o chef de cozinha também foi detido, apontado como suspeitos pela morte. O irmão de Nataly, Cícero Martins Pereira Júnior, e o cunhado da autora, Alédson Oliveira da Silva, também foram presos. Os três, contudo, foram liberados horas após o crime.
Nataly segue presa presa em uma penitenciária feminina de Cuiabá. A defesa da bombeiro civil solicitou à Justiça a realização de um exame de insanidade mental, alegando possíveis transtornos psicológicos que poderiam ter influenciado na conduta da investigada.