O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) desconsiderou a moção de repúdio aprovada pela Câmara de Cuiabá contra ele e outros 12 parlamentares estaduais, em razão da derrubada do veto do governador Mauro Mendes (União) ao projeto de lei que autoriza o funcionamento de cantinas em presídios de Mato Grosso.
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Questionado sobre a medida, Lúdio declarou nesta quarta-feira (16) que a manifestação da Câmara Municipal não o preocupa e que os vereadores deveriam concentrar esforços em assuntos sob sua responsabilidade. “Vejo com tranquilidade. Os vereadores foram eleitos legitimamente para propor aquilo que entenderem importante na Câmara de Cuiabá. O que eu considero é que a Câmara tem mais o que fazer”, disse.
O parlamentar citou, como exemplo, a necessidade de fiscalização sobre a gestão do prefeito Abílio Brunini (PL), a quem os vereadores dão sustentação política. “O prefeito foi eleito com o compromisso de revogar a taxa de lixo no início do mandato. Isso até hoje não aconteceu. O sistema de saúde continua com as mesmas precariedades, agora agravadas por uma epidemia de dengue e chikungunya. A educação tem problemas sérios, houve atraso no início das aulas e o impasse sobre os professores de apoio para estudantes com deficiência não foi resolvido. Isso sim deve ser preocupação da Câmara de Cuiabá”, afirmou.
A moção foi proposta pelo vereador Dilemário Alencar (União), líder do Executivo municipal na Casa. Aprovada por 14 votos favoráveis, teve apenas um voto contrário, do vereador Adevair Cabral (Solidariedade), e uma abstenção, do vereador Kássio Coelho (Podemos).
Durante a justificativa, Dilemário classificou a decisão dos deputados estaduais como “um tapa na cara do povo cuiabano” e afirmou que o posicionamento da Assembleia favorece a atuação de facções criminosas dentro do sistema penitenciário. “Esses deputados causaram indignação e revolta. Ficaram do lado da bandidagem, mesmo sabendo que as facções criminosas usavam esses mercadinhos para lavar dinheiro do crime”, afirmou.
Segundo o vereador, apenas Lúdio Cabral assumiu publicamente o voto. Os demais parlamentares estaduais optaram pelo voto secreto, conforme permitido pelo regimento interno da Assembleia Legislativa.
O projeto que trata da regulamentação das cantinas, conhecidas como “mercadinhos”, nas unidades prisionais é o PL 2041/2024. A proposta foi aprovada por unanimidade pelos 24 deputados estaduais. A divergência surgiu apenas após o veto parcial do governador, que foi posteriormente derrubado por maioria.