O arcebispo de Cuiabá, Dom Mário Antônio da Silva, defendeu a busca por unidade na Igreja Católica diante da presença de correntes ideológicas divergentes, como os movimentos tradicionalistas e a Teologia da Libertação. Em entrevista ao PodOlhar, o religioso afirmou que não se alinha a nenhum dos extremos e criticou a polarização dentro da Igreja, apontando que o foco deve estar nos valores do evangelho e na construção do bem comum.
“A Igreja não é, digamos assim, uniformidade. Eu sempre digo que nós devemos lutar pela unidade. A uniformidade não faz bem. Não somos produtos de forma, mas de formação da consciência”, declarou Dom Mário. Segundo ele, mesmo diante de diferentes formas de pensar e rezar, a convivência deve ser baseada na comunhão, não na rivalidade.
O arcebispo pontuou que a polarização religiosa interna tem causado divisões e prejuízos à saúde espiritual e emocional dos fiéis. “A gente perde muito campo e gasta uma energia enorme, de maneira desnecessária, com essas discussões de polarização religiosa. Não constrói nada. Gera inimizade, distanciamento e até doenças mentais”, disse.
Dom Mário também fez referência ao Papa Francisco e ao chamado à sinodalidade — conceito que propõe o "caminhar juntos" na Igreja. Para ele, é necessário compreender que a diferença não representa oposição, mas distinção. “A diferença não nos distancia. A diferença nos distingue. E, na medida que o ser humano entender isso, nós não vamos ter dificuldade de caminhar na nossa comunidade com quem pensa diferente.”
Ao comentar sua própria posição, afirmou: “Não me considero de nenhum dos extremos. Mas tem a minha senda. É a senda do evangelho e do reino de Deus. Se você é de direita ou de esquerda, como se denomina hoje, pra mim não é um problema. Desde que opte pelos valores que nos dão equilíbrio no seguimento a Jesus Cristo”.
Dom Mário concluiu utilizando uma imagem da Sagrada Escritura para exemplificar sua visão de Igreja: “A imagem mais bonita da comunidade é o corpo. O nosso corpo é um exemplo de unidade e de diferenças. Nossos órgãos são diferentes, mas um não é concorrente do outro. Um é integrado com o outro. Os extremismos fatiam o corpo. Dilaceram o corpo. E isso é prejudicial à saúde de todos.”
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