O arcebispo de Cuiabá, Dom Mário Antônio da Silva, comentou a repercussão nacional em torno do Frei Gilson e fez um alerta sobre os riscos do fanatismo religioso. Durante entrevista ao PodOlhar, Dom Mário afirmou que reconhece os frutos positivos da atuação do frade, mas destacou que excessos podem comprometer a convivência e o espírito de comunhão dentro da Igreja e na sociedade.
“Conheço pessoas que têm acompanhado a oração, a novena do Frei Gilson, sem fanatismo. Agora, tem outros que ficam fanatizados. Ou seja, pelo Frei Gilson, pela renovação ou pela teologia da libertação. O fanatismo não ajuda. Quando ele existe, a pessoa não raciocina direito e acha que só ela está certa”, afirmou o arcebispo.
Frei Gilson é um dos sacerdotes católicos mais populares do país nas redes sociais. Seu canal no YouTube reúne milhões de seguidores, especialmente pelas transmissões ao vivo do Santo Rosário a partir das 4h da manhã, durante o período da Quaresma. Em março, no entanto, o canal tornou mais de 2 mil vídeos indisponíveis após críticas de setores progressistas a conteúdos antigos. O frade recebeu apoio de lideranças políticas conservadoras, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Dom Mário evitou juízos sobre as críticas e destacou que interpretações equivocadas também podem surgir de forma mal-intencionada. “Acho que ninguém está sem o risco de dizer algo e ser mal interpretado. Agora, existe muita maldade às vezes na interpretação da atuação das pessoas. Não digo só a respeito do Frei Gilson, que realmente tem sido um destaque.”
Para o arcebispo, o fanatismo — seja religioso, político ou ideológico — compromete a construção do bem comum. “No mundo de fanatismo, o outro não tem razão. E isso prejudica a vida religiosa, a política, a vida comercial, a vida humana. Precisamos de amadurecimento para uma convivência saudável, livre dos fanatismos.”
Ainda na entrevista, Dom Mário reforçou seu compromisso com a oração pelas autoridades, independentemente de posições políticas. “Não tenho dificuldade de rezar pelo presidente Lula, como não tive dificuldade de rezar pelo presidente Bolsonaro. Aqui em Cuiabá rezo pelo prefeito Abílio, como rezei pelos anteriores. É o nosso representante. E é aí que está o senso democrático, que deve nos fazer prezar a verdadeira política, e não a politicagem.”
O arcebispo concluiu dizendo que a política deve estar a serviço da justiça social e do bem comum. “O que vemos hoje é a política da conveniência. E aí não dá. A política tem que ser da justiça social e do bem comum”, afirmou.
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