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Sábado, 17 de maio de 2025

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Morte de caseiro por onça-pintada reacende debate sobre coexistência com predadores; pesquisador diz que não há o que temer

Foto: Reprodução

Morte de caseiro por onça-pintada reacende debate sobre coexistência com predadores; pesquisador diz que não há o que temer
Um caso trágico e raro repercutiu no país todo nesta semana. O caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, foi atacado e morto por uma onça-pintada na região de mata de Touro Morto (MS). Ele foi morto na segunda-feira (21) e seu corpo foi localizado nesta terça (22), com sinais claros de predação. A onça responsável pelo ataque também foi capturada nesta quinta-feira (24).


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Uma notícia devastadora para a família da vítima reacendeu discussões sobre a relação entre seres humanos e grandes predadores em ambientes de convivência cada vez mais próximos. A reportagem  falou com o médico veterinário e pesquisador Paul Raad, que coordena o projeto de monitoramento e coexistência humano-fauna e mitigação de conflitos no Pantanal Norte, além de acompanhar as onças-pintadas da região.

Em relação ao caso da morte de Jorge, Paul e sua equipe expressa condolências à família e prefere manter o silêncio, por respeito à família e comunidades locais, com as quais há um diálogo constante.

“A probabilidade de um ataque de onça-pintada a um ser humano é muito, muito baixa”, reforça Paul. Ele lidera uma iniciativa que busca criar um ambiente de coexistência entre humanos e a fauna silvestre na região de Poconé, especialmente em áreas como a Pousada Piuval.

Raad também explica as onças naturalmente evitam o contato com seres humanos, graças a um processo evolutivo que as leva a considerar o homem como ameaça. No entanto, essa “barreira invísivel” pode ser rompida em situações específicas — como quando há oferta de alimentos, lixo disponível ou aproximação constante por parte de pessoas.

“Se você alimenta uma onça, se ela se acostuma com a presença humana, pode começar a perder o medo e a ver o ser humano como algo inserido no seu ambiente de caça”, explica. Ele compara o fenômeno ao que ocorre com outras espécies, como jacarés no Pantanal e Amazônia ou coatis no Parque Nacional do Iguaçu, que acabam se aproximando de áreas urbanas por causa da alimentação inadequada oferecida por turistas.

Prevenção e respeito

A iniciativa coordenada por Paul Raad visa justamente a prevenção de conflitos. “Trabalhamos com medidas antipredatórias, como cercas elétricas, uso de luzes repelentes, manejo adequado de carcaças e lixo, e até mesmo a orientação para que animais domésticos durmam em recintos fechados à noite”, detalha.

Raad reforça que o projeto tem atuado não apenas nas propriedades turísticas, mas também junto às comunidades vizinhas, oferecendo apoio técnico e educativo. “Respeitamos muito as comunidades daqui. Visitamos os vizinhos da Pousada Piuval, ouvimos suas preocupações e damos assistência para que possam conviver com a fauna sem medo.”

Ele também destaca que, apesar da dor causada pelo episódio, é essencial tomar as medidas adequadas de segurança e procurar assessoramento profissional. “O ser humano não deve temer os animais selvagens. Deve aprender a respeitar seus limites e saber coexistir com eles. Quando essas medidas são tomadas, os animais tendem a respeitar os humanos e a manter distância.”

Embora a investigação sobre as circunstâncias exatas do ataque ainda esteja em curso, os indícios apontam para um caso isolado de ruptura desse delicado equilíbrio entre homem e natureza. Para Raad, isso deve servir como um alerta para a importância de se preservar a barreira de convivência.

 
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