Na briga para comandar a Federação Mato-grossense de Futebol por quatro anos, embolsando supersalário de R$ 250 mil mensais, o que daria cerca de R$ 12 milhões por todo o mandato, dois empresários disputam a presidência da entidade. De um lado, patriarca da família que comanda o Cuiabá, Aron Dresch já protocolou sua candidatura à segunda reeleição. Do outro, o chefe do Mixto e do Grupo Gazeta, João Dorileo Leal também registrou sua chapa nesta semana.
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O pleito está previsto para o próximo dia 3 de maio. Porém, tanto a chapa “Progresso no Futebol”, encabeçada por Dresch, e a “Federação Para Todos”, de Leal, podem sofrer impugnações – uma contra a outra. Isso porque Dresch é acusado de forjar assinaturas para garantir a subscrição do seu grupo.
No dia 15 de abril, quando abriu o edital das eleições, Dresch protocolou sua chapa contendo 22 assinaturas de clubes e associações. Porém, o ex-presidente do União Esporte Clube e o presidente licenciado do Nova Mutum afirmaram nesta semana que não assinaram subscrição à chapa de Aron Dresch, sobretudo porque ambos são candidatos à vice-presidentes pela oposição.
Segundo o estatuto da FMF, determinado clube só pode rubricar apoio a uma única chapa. Caso faça em duas, vale a que foi protocolada primeiro. Ao todo, seis clubes e uma liga assinaram a chapa de Dorileo Leal, sendo eles: Santa Cruz, Mixto, União, Operário Ltda, Associação Camponovense, Nova Mutum e Liga Alta Floresta.
De acordo com o edital de convocação da FMF, 21 clubes e uma liga estão aptos para votar. Quem vencer comandará a federação em mandato de quatro anos, entre 25 de maio de 2025 e 25 de maio de 2026. A eleição ocorre no próximo dia 3 de maio. Enquanto disputam pelos R$ 250 mil mensais, o Ministério Público já abriu inquérito para investigar Dresch.
Assinaturas forjadas e inquérito
A chapa “Progresso no Futebol”, liderada por Aron Dresch, foi protocolada em 15 de abril com 22 assinaturas de clubes e uma associação. Já a chapa “Federação Para Todos”, encabeçada por João Dorileo Leal, dono do Mixto e do Grupo Gazeta, foi registrada no dia 23, com seis assinaturas de clubes e uma associação.
No entanto, Reydner Souza, ex-União, e Leomar Pinto, licenciado do Nova Mutum, que são candidatos à vice-presidência pela chapa de Dorileo, afirmaram não ter assinado apoio à chapa de Dresch.
Leomar confirma que assinou, em 26 de fevereiro, um documento em apoio ao atual presidente, mas que não estava relacionado à eleição, cuja regulamentação só foi publicada em 15 de abril. Segundo ele, esse mesmo documento foi usado como subscrição da chapa, o que é inválido.
Reydner foi mais enfático: disse ter sido coagido por Dresch a assinar o documento, sob pena de perder “alguns direitos”. Ele relatou que, após mostrar interesse na reeleição, nunca mais foi procurado por Dresch, mas aceitou o convite de Dorileo para integrar a chapa de oposição. Alegou ainda que, na data da suposta assinatura, nem estava no Brasil.
Dresch assumiu a presidência da FMF em 2017, após impugnação de sua candidatura e posterior reintegração. A eleição teve irregularidades, como clubes impedidos de votar. Foi reeleito em 2021 com apoio de quatro vice-presidentes, apesar de ter prometido acabar com mandatos longos. Agora, busca mais um mandato, somando 12 anos no cargo, com Aluizio Bassani (Luverdense) e o advogado Geandre Bucair como vices.
Se eleito, Dorileo deixará a gestão do Mixto para assumir a FMF e fortalecer o futebol estadual.
Procurada, a FMF afirmou que não comentará o caso, e que os documentos estão disponíveis em seu site.
Após denúncia da Revista Piauí sobre supersalários da CBF a dirigentes estaduais, incluindo Dresch, a eleição da FMF está sob investigação do Ministério Público.
O promotor Renee do Ó Souza instaurou inquérito para apurar irregularidades na gestão e no processo eleitoral da FMF, como compra de votos e falta de transparência, conforme a Lei Geral do Esporte. Estão sendo analisados contratos públicos, ações judiciais e documentos internos, com o objetivo de garantir lisura e legitimidade ao pleito.