As investigações da Operação Perfídia, que mira os vereadores de Cuiabá Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB) por suposto envolvimento em corrupção e recebimento de propina na construção da Avenida Contorno Leste, em Cuiabá, indicam que um dos sócios da empresa HB20 Construções - responsável pelas obras --, identificado como Orlando da Silva Vieira, teria conhecimento e concordado com o esquema, segundo a Polícia Civil. Os dois parlamentares estão afastados do cargo e proibido de acessar as dependencias da Camara.
Leia também
'Veneno x remédio': Lúdio e Cattani discutem e AL rejeita lei que exigia transparência sobre agrotóxicos na água
A informação consta na decisão da juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), responsável por autorizar a Operação Perfídia, deflagrada nesta terça-feira (29) contra Chico 2000, Joelson e José Márcio da Silva Cunha, acusado de também atuar como intermediador no caso. Os dois parlamentares estão afastados do cargo e proibido de acessar as dependências da Câmara Municipal.
Segundo trecho da decisão, o inquérito policial descreve minuciosamente as atividades criminosas, em tese, praticadas, incluindo registros de conversas via WhatsApp que corroboram a solicitação de vantagem indevida e o recebimento de valores ilícitos pelo Sargento Joelson, com o aval do então Presidente da Câmara Municipal, o vereador Chico 2000.
A decisão ainda fala na exitência de áudios que "indicam e corroboram" o contato com o funcionário da empresa HB20, João Jorge, "que viabilizou o pagamento do montante, com a anuência do proprietário da empresa beneficiária, o Sr. Orlando".
Inquérito que embasou a ofensiva policial foi instaurado com base em denúncia feita pelo então deputado federal e atual prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL). A acusação trata de suposto esquema de corrupção envolvendo a empresa e os vereadores.
A empresa alvo foi contratada para obras de drenagem e pavimentação da Avenida Contorno Leste, e teria repassado R$ 250 mil em propina para os parlamentares, com intuito de receber vantagens financeiras. Parte desse valor — R$ 150 mil — foi transferida diretamente para a conta de José Márcio. A quantia restante teria sido entregue em espécie ao vereador Joelson, de acordo com os autos.
O operador da movimentação financeira seria João Jorge Souza Catalan Mesquita, funcionário da construtora, que teria articulado o envio dos recursos com o objetivo de garantir o apoio dos parlamentares na tramitação e aprovação de uma certidão de parcelamento fiscal. Essa medida permitiria à Prefeitura quitar débitos com a HB 20 e, assim, liberar pagamentos referentes às obras já realizadas.
Em nota, a emrpesa afirma que não autorizou, pactuou ou participou de qualquer tratativa, direta ou indireta, relacionada a repasses ilícitos ou condutas que afrontem a ética e a legalidade.
Diz ainda que João Jorge Souza Catalan Mesquita, citado como interlocutor em supostos pagamentos, nunca teve poderes legais ou autorização formal para representar a empresa em qualquer negociação externa, especialmente de natureza institucional. "Ele era apenas um prestador de serviços como qualquer outro", diz trecho da nota.
"A tentativa de envolver o nome da empresa em atos isolados e ilegais, supostamente praticados por terceiros que agiram à margem de qualquer autorização, é vista com extrema gravidade pela atual diretoria, que colaborará com as autoridades sempre que necessário para o total esclarecimento dos fatos".
"Repudiamos qualquer tentativa de manipulação ou distorção de fatos para criar narrativas que sirvam como cortina de fumaça para acobertar desvios de conduta individuais. A empresa não se submeterá a pressões, chantagens, extorsões ou insinuações levianas. É de total interesse da empresa esclarecer os fatos e chegar à verdade real de toda essa situação, inclusive para que o verdadeiro responsável seja punido seja quem for", finaliza.