O caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, que confessou ser o autor dos disparos que mataram o advogado Renato Nery, revelou em depoimento prestado à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Cuiabá, que alugou a pistola utilizada no crime por R$ 1,5 mil. A arma é considerada extremamente rara, uma Glock G17, calibre 9 mm, com seletor de rajada.
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Caseiro admite em depoimento que matou Renato Nery e demonstra arrependimento
Ainda segundo o caseiro, a arma alugada pertencia a um homem já falecido, que não teve a identidade revelada. O armamento chamou atenção dos investigadores. De acordo com o delegado Caio Fernando Albuquerque, trata-se de um armamento extremamente raro, com um seletor de rajada que transforma a pistola em uma espécie de metralhadora.
“Você aciona o gatilho uma vez e todos os projéteis são disparados. É uma arma muito cara e que não é facilmente localizada em ocorrências”, afirmou durante coletiva à imprensa. Ele ainda destacou nunca ter se deparado com uma arma com essas características nos cinco anos de atuação em homicídios.
Alex está preso desde o dia 6 de março, quando foi deflagrada a Operação Office Crime – A Outra Face, conduzida pela Polícia Civil. Ele confessou nesta quinta-feira (15) ter sido o autor dos sete disparos efetuados no dia 5 de julho de 2023, quando Renato Nery, de 72 anos, foi alvejado na cabeça ao chegar ao escritório onde trabalhava, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. O advogado chegou a ser socorrido com vida, mas faleceu no dia seguinte.
No depoimento, Alex reafirmou as informações já fornecidas por Heron Teixeira Pena Vieira, policial militar da reserva e ex-integrante da Rotam, que teria o contratado para executar o crime. Heron também está preso e foi indiciado por homicídio triplamente qualificado. Segundo as investigações, ele recebeu R$ 150 mil pelo serviço e repassou parte do valor a Alex.
O combinado inicial seria de R$ 200 mil, mas a diferença não foi paga, o que teria motivado uma série de tentativas de extorsão contra os supostos mandantes do crime: os empresários Julinere Goulart Bastos e César Jorge Sechi, presos temporariamente no dia 9 de maio.
O delegado Bruno Abreu, responsável pela investigação, explicou que Alex passava por uma crise financeira severa na época do crime. “Ele tinha dívidas com agiotas e não tinha dinheiro sequer para pagar a gasolina da moto usada no dia do crime. Isso mostra o desespero dele em conseguir dinheiro”, pontuou.
O crime teria sido motivado por uma disputa por terras avaliadas em mais de R$ 30 milhões. Alex foi preso na chácara onde trabalhava como caseiro, em Várzea Grande, em uma propriedade arrendada por Heron. Após sua confissão, o caseiro demonstrou arrependimento e colaborou com as autoridades, segundo informou a DHPP.