Após o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) apontar falta de medicamentos em Cuiabá, o prefeito Abílio Brunini (PL) afirmou que a Prefeitura da Capital já realizou a compra dos remédios, mas que a entrega está sendo atrasada pelas empresas fornecedoras.
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De acordo com o MP, 25% dos medicamentos padronizados pela Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume) estavam em falta no Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC). Dos 153 medicamentos listados, 39 estavam indisponíveis, incluindo itens críticos como Amoxicilina, Dipirona, Metformina, Sulfato Ferroso e psicotrópicos como Fluoxetina e Carbamazepina.
O prefeito, porém, garantiu que os medicamentos já foram comprados e afirmou que há um atraso na entrega por parte das empresas. A declaração ocorreu logo após ele ser questionado sobre uma possível contradição envolvendo a falta dos insumos e a sua intenção de destinar R$ 1,2 milhão em emendas para a aquisição de Mounjaro, um medicamento utilizado no tratamento da obesidade e popularmente empregado para a redução de peso.
Para ele, os casos são diferentes. “São coisas distintas. Primeiro, os medicamentos que estão em falta a gente já comprou. Foi feito um pregão novo, registrou as empresas, já foi dada a ordem de serviço para essas empresas, só que elas ficam tentando negociar recebimentos de valores de 2024, de 2023, da gestão passada e a gente ainda não consegue equilibrar recursos para nova compra e pagamento de dívidas da gestão anterior”, pontuou o prefeito.
“Mas isso não significa que esses produtos não tenham sido comprados. Eles foram comprados, eles ainda não foram entregues", completou.
Em sua justificativa sobre a destinação de emendas para a aquisição de Mounjaro, Abílio defendeu a compra do medicamento, mas pontuou que o produto deve ser adquirido mais à frente. "Não é a solução imediata de agora", afirmou. "A gente está aguardando a chegada dos medicamentos faltantes".
"Agora, o Mounjaro e outros demais [medicamentos] serão adquiridos mais à frente. E aí, a emenda parlamentar da [vereadora] Michelly e mais os nossos recursos -- também com emenda parlamentar minha -- provavelmente serão aplicados nisso, para a gente solucionar um problema também de longo prazo, que é a redução de peso da população".
Questionado sobre a previsão para regularizar a situação da entrega de remédios, Abílio disse que a prefeitura já realizou três processos de compra: um pregão, uma compra emergencial e uma nova licitação para compra emergencial, como prevenção contra a falta de medicamentos.
Ele ressaltou que as empresas estão dentro do prazo, mas admitiu que “infelizmente o prazo delas é um prazo que está atrasando as nossas necessidades”.
O relatório do MP apontou falhas graves na logística de distribuição, agravadas pela falta de motoboys e veículos, o que tem forçado as unidades de saúde a buscar os insumos diretamente no CDMIC.
A respeito dessa cobrança, o prefeito pontuou que a gestão “está buscando solucionar”. Contudo, ele aponta que não é tão simples porque é preciso que a prefeitura faça contratos que dependem de um processo licitatório ou de uma forma diferenciada de contratação.
“Muita gente reclama, ‘mas Abilio, por que você não simplesmente contratar um motoboy e pede para ele entregar lá?’ Porque para a gente contratar um motoboy, um entregador, são dois caminhos: Ou eu vou contratar uma empresa que vai fazer isso, ou eu vou fazer um processo seletivo”.
“Esses dois caminhos, infelizmente, não são tão simples de solucionar essas demandas como a gente gostaria que fosse. Esses problemas vêm se arrastando desde a última gestão. Mas não estou querendo ficar só botando culpa na gestão passada. Já tem cinco meses da nossa gestão. Só que a burocracia tem travado alguns processos, e as empresas que ganham o processo licitatório não entregam os produtos dentro do prazo”.