Capitão da Polícia Militar, identificado pelas iniciais C.R.P.R., é acusado de ter humilhado e exposto um soldado a uma série de agressões verbais e físicas durante uma bebedeira em uma conveniência na cidade de Brasnorte, na manhã de quarta-feira (18). O caso, que envolveu ofensas de cunho racial e vexatório, foi registrado em boletim de ocorrência pela própria guarnição da PM acionada ao local. O oficial é o comandante do município.
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De acordo com o registro policial, o capitão teria chamado o soldado de “negro” e dito que “cachorro e preto senta no chão”, após ordenar que ele se sentasse no chão da conveniência, em frente a outras pessoas. As agressões verbais ocorreram em tom autoritário e carregado de xingamentos, sugerindo ainda que o militar não teria condições sequer de ser policial.
A confusão teria começado após uma confraternização em um moto clube, onde ambos estavam. O soldado Freitas relatou que o comandante, visivelmente embriagado, passou a hostilizá-lo com insultos pessoais, afirmando que sua esposa “já havia dormido com todos os policiais do pelotão” e que seu filho recém-nascido “poderia ser de qualquer um, menos dele”. Segundo a vítima, o capitão também chamou seu irmão de “corno”.
Ao tentar deixar o local, o soldado foi impedido pelo comandante, que teria retirado a chave de seu carro. Em seguida, o capitão com palavras agressivas chamou a vítima para ir até a parte de trás do posto de combustíveis, dizendo que ali “não havia câmeras” e que “daria uma lição” nos irmãos. Foi nesse momento que ordenou que o soldado se sentasse no chão, afirmando que essa era a posição de “um cachorro e um preto”.
A situação foi testemunhada por funcionários da conveniência e frequentadores do local. Ao tentar registrar o abuso com seu celular, o soldado teve o aparelho arrancado das mãos e quebrado ao meio pelo capitão, que ainda o imobilizou com um golpe conhecido como “mata-leão”.
Policiais militares que foram acionados pelos funcionários recolheram a arma do soldado e o acompanharam até o pelotão, onde ele formalizou a denúncia. Em seu depoimento, o militar afirmou temer represálias e perseguições por parte do seu superior hierárquico.
O caso foi encaminhado para apuração interna pela própria Polícia Militar. A Corregedoria deverá instaurar um procedimento para investigar a conduta do capitão, que permanece no comando da unidade. Até a publicação desta matéria, a corporação ainda não havia se manifestado oficialmente.