O cineasta cuiabano Bruno Bini afirmou, em entrevista ao PodOlhar, que a adoção de cotas de exibição é essencial para consolidar o público no cinema nacional. Segundo ele, essa medida não é um favor, mas parte fundamental de um processo contínuo de construção de audiência para produções brasileiras.
“Os brasileiros precisam assistir os filmes brasileiros. A cota de tela coloca o público em contato com ele mesmo. Quanto mais você vê, mais você quer ver”, disse Bini, destacando que as grandes produções estrangeiras ocupam grandes fatias das salas de exibição, ofuscando os filmes nacionais.
Ele reforçou que essa prática — amplamente adotada em países como França, Coreia do Sul e China — favorece a competitividade das produções brasileiras e o surgimento de carreiras cinematográficas próprias. “É uma discussão que já passou da hora de ser realidade”, afirmou.
Debate
A política de cota de tela, que obriga salas de cinema a dedicar uma porcentagem mínima de sessões aos filmes nacionais, foi restabelecida em 2024 por meio da Lei 14.814/24, válida até 2033. A cada ano, o governo define, por decreto, o número mínimo de sessões e a variedade de títulos, com fiscalização da Agência Nacional do Cinema (Ancine).
Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a constitucionalidade dessa política, afirmando que ela valoriza a cultura nacional e assegura acesso às obras brasileiras. Além disso, a aprovação do projeto de lei no Senado estabelece sanções em caso de descumprimento, incluindo multas calculadas com base na receita diária dos cinemas.
No cenário internacional, sistemas semelhantes são recorrentes. Países como França, Coreia do Sul, Espanha, China e Japão mantêm regras de exibição que buscam garantir espaço para sua produção audiovisual.
Entretanto, nem todos veem a medida como suficiente. Críticos apontam que, embora as cotas ampliem oportunidades de estreia, o exibidor ainda decide quais filmes nacionais entrarão na programação. Além disso, há desafios estruturais, como a concentração de salas em grandes centros urbanos e a competição do streaming.
Para Bruno Bini, a cota de telas é uma ferramenta de justiça cultural e de mercado. Ela não apenas oferece visibilidade às obras nacionais, mas também inicia diálogos com o público sobre suas próprias histórias, fomentando reflexões e consolidando um mercado cinematográfico mais plural e representativo.
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