A sessão desta quinta-feira (9) na Câmara de Cuiabá foi marcada por novo embate, após o vereador Daniel Monteiro (Republicanos) usar a tribuna para criticar rumores de que a CPI da CS Mobi 2.0, ainda em fase de recolhimento de assinaturas, já teria seus membros e relatoria definidos, incluindo nomes ligados à base do prefeito Abilio Brunini (PL), como Dilemário Alencar (União) e Dra. Mara (Podemos).
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Daniel classificou a situação como “constrangedora e desconfortável” e questionou o suposto envolvimento do Executivo na escolha dos membros da comissão, afirmando que o Legislativo precisa reafirmar sua independência.
“Uma série de rumores vem se evoluindo nessa casa (...). Me parece que nós também temos o dever moral de riscar uma linha no chão e falar: daqui para trás. Porque quem manda nessa casa aqui são os vereadores. Isso aqui tem que ser arbitrado por nós”, afirmou.
Ele ainda criticou o que chamou de “subserviência” do parlamento diante do Executivo.
“A que ponto chegamos de subserviência? A que ponto chegamos? Nós não estamos mais de joelhos, nós estamos de cócoras. Cadê a independência do Legislativo? Cadê a autonomia do Legislativo?”, disparou.
Durante o discurso, Monteiro mencionou o prefeito e citou que, em ocasiões anteriores, o gestor teria tentado interferir em trabalhos do Parlamento, inclusive tentando “descredibilizar” uma audiência pública proposta pela vereadora Maysa Leão (Republicanos).
A fala de Monteiro recebeu apoio de Ilde Taques (PSD), que também considerou preocupantes os rumores de interferência e defendeu que a definição da nova CPI siga o regimento da Casa.
“Sua fala é muito pertinente. Eu também confesso que me assustei quando ouvi as matérias (...). Nós aqui temos legitimidade para escolher quem vai participar da CPI”, reforçou.
Em resposta, a presidente da Câmara, Paula Calil (PL), negou as informações publicadas pela imprensa e explicou que a definição dos integrantes só ocorrerá após o recolhimento das nove assinaturas necessárias e a deliberação do Colégio de Líderes.
“Essa matéria jornalística está equivocada. Não partiu da Câmara nenhum tipo de comentário como esse. O Parlamento é independente. Quem define os membros da CPI é o Colégio de Líderes, não há ninguém escolhido”, esclareceu Paula Calil.
A vereadora doutora Mara (Podemos) também se manifestou para negar qualquer convite formal para compor a nova CPI.
“Em nenhum momento fui convidada formalmente para compor uma CPI. Foram só rumores. Eu disse apenas que, se houvesse a possibilidade, me colocaria à disposição, mas depois que fosse lido o relatório da primeira CPI”, afirmou.
A CPI da CS Mobi 2.0 busca aprofundar as investigações sobre o contrato de firmado pela Prefeitura de Cuiabá com o Consórcio CS Mobi. A ideia do novo grupo é debater o montante de novos documentos apresentados pelo prefeito em sua oitiva na atual comissão.