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Notícias / Cultura

Comunidades do País criam arte tipo exportação

AE

As telas do artista plástico uruguaio Juan Muzzi se transformam em coloridas peças de cerâmica pelas mãos de Zeneide Maria de Mello e Silva, de 56 anos. E o trabalho, por sua vez, transforma a vida de Zeneide, ex-moradora de rua, hoje, artista plástica como ele. Com sua arte, ela já paga um teto para morar e poderá conseguir mais: os barcos, peixes, pratos que pinta começarão a ser exportados. Para atender ao mercado internacional, as comunidades se profissionalizaram e buscam se adequar às normas do comércio justo e sustentável.

A Reciclázaro, que atende 1,2 mil moradores de rua, quer exportar as peças criadas e produzidas por 54 homens e mulheres atendidos nas oficinas. No ano passado, vasos de vidro derretido, esculturas de PET e bolsas feitas de retalhos foram expostos em Munique e Stuttgart, na Alemanha, e vendidos para Espanha e Portugal. A organização agora tenta se adequar às normas internacionais do comércio justo e sustentável. Entre as normas, estão a não utilização de mão de obra escrava ou infantil, uso de materiais e processos produtivos que não ferem o meio ambiente.

Certificada no ano passado, a Mundaréu, com loja em São Paulo, desde 2002 está formando uma rede de 60 grupos produtores, de 14 Estados, voltada para o mercado externo - de São Paulo, participam a Conkistart, costureiras da zona leste da capital, e a Vitória Corte, que reúne mulheres de 11 comunidades do Guarujá, ambas especializadas na produção de sacolas “ecológicas” (de pano). A rede terá marca única e linha exclusiva para exportação.

Helena Sampaio, da Artesanato Solidário (Artesol), também certificada internacionalmente e que já formou 80 grupos produtores no Brasil, aponta, no entanto, dificuldades na exportação de produtos brasileiros produzidos sob os princípios do comércio justo e solidário. “No Brasil, ainda não existe a rubrica do comércio justo. Nossos produtos entram no mesmo saco dos sapatos de Franca, por exemplo. E concorrem com a indústria asiática, que vem até com dedinho de criança”, ironiza, se referindo a denúncias de utilização do trabalho infantil em países como China e Vietnã. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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