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Ideologia não pode impedir estatização de bancos, afirma Lula

G1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (15) a criação de uma nova ordem econômica e social para combater a crise financeira. Segundo Lula, o Estado tem um papel fundamental na solucão do problema. “Portanto, a nacionalizacao de bancos, mesmo temporária, não deve ser descartada por motivos ideológicos”, afirmou.

“Achar que o Estado não vale nada foi toda a moda do século 20. Na hora que os criadores dessa tese veem o seu calo apertar, quem é que pode salvá-los? Exatamente o Estado que não valia nada. Por isso que eu disse na ONU que essa crise precisa de soluções políticas”, afirmou ele, na abertura do Fórum Econômico Mundial na América Latina.

Países em desenvolvimento

De acordo com Lula, a solução para a crise mundial terá que passar necessariamente por uma maior a participação dos países em desenvolvimento. “Não criamos o problema, mas somos parte da solução”, afirmou.

Lula lembrou as decisões tomadas durante o encontro do G20, em Londres, quando foram definidas alterações no funcionamento do Fundo Monetário Internacional (FMI). “A cúpula de Londres deu o primeiro passo ao reconhecer que não há solução sem participação dos países em desenvolvimento. O primeiro passo foi dado com a decisão de revisar a distribuição de cotas e votos no FMI e no Banco Mundial", ressaltou.

O presidente lembrou também que os países em desenvolvimento estão dispostos a ajudar essas instituições - o Brasil, por exemplo, poderá emprestar até US$ 4,5 bilhões ao FMI. "Não faria nenhum sentido maior aporte de recursos de nossoas países se eles continassem marginalizados na tomada de decisões. Crises não são mais privilégio de países em desenvolvimento”, frisou.



Especulação

Durante o discurso, o presidente voltou a culpar a especulação pela crise mundial: “A especulação irresponsável somou-se à bolha do subprime (hipotecas de alto risco de inadimplência nos EUA). Essa engrenagem gerou consequências perversas para a vida das populações mais pobres do planeta."

“Está chegando a hora da verdade. Está chegando a hora de todos nós (...) confessarmos que o mundo contemporâneo em que vivemos errou na dose da economia virtual. De que não era honesto, de que não era justo, sobretudo com a parte mais pobre da humanidade, que alguém pudesse ganhar bilhões e bilhões de dólares (...) sem produzir absolutamente nada, apenas trocando papéis, por papéis e mais papéis”, afirmou.
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