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Amigas há 78 anos, centenárias se emocionam durante o reencontro

Da Redação - Lucas Bólico

Amigas há nada menos que 78 anos, as matriarcas de duas tradicionais famílias de Mato Grosso tiveram um encontro emocionante, na tarde da última sexta-feira (28), em Cuiabá. Nympha Escolástica da Silva e Hermínia Infantino Coutinho não se viam desde 2005. Nympha completa 100 anos no dia primeiro de novembro e dona Hermínia – é melhor chamá-la de Zilza, avisam os filhos logo de cara – completará 93 no início do próximo ano.

“Somos irmãs”, disse dona Nympha entre um abraço e outro. Nem precisava falar. O afeto era visível. Entre sorrisos, toques, abraços e beijos, de vez em quando ambas se desligavam do papo que reinava na sala da casa dos Coutinho e adentravam em uma conversa paralela. Um papo só delas. Dona Zilza falava baixinho, como lhe é característico, e Nympha respondia conforme seu ouvido cansado havia permitido escutar. O importante é que se entendiam.

Zilza e Nympha apesar da afinidade são bem diferentes. A primeira, por exemplo, não segurou o choro ao cantar uma música religiosa para a amiga. A segunda não segurou a língua na hora de soltar suas piadas com pitadas de malícia. A mente de dona Nympha era a mais ligeira daquela sala. Rápida no gatilho, respondia qualquer ‘provocação’ com um verso maroto. A amiga se desmanchava em um riso gostoso e sincero.

Quando se conheceram, Nympha tinha 22 anos e Zilza 14. O encontro foi por conta de um curso de costura que ambas faziam aqui em Cuiabá. Nympha veio de Santo Antônio de Leverger para aprender o ofício e acabou amiga de Zilza. Apesar de o contato entre ambas não ser diário, a amizade perdura.

De um lado, Zilza deu a luz a 10 filhos, todos batizados com a inicial Z. Segundo Zildinete, uma das filhas, o motivo é mais que óbvio: “ela gosta da letra”. Já Nympha, pariu cinco. “Todos vivos”, comemora Edna Lara, um dos herdeiros de Nympha.



O número de netos e bisnetos desafia a memória de ambas, que são viúvas e vivem aos cuidados dos filhos, cada uma ao seu modo. “Eu virei um bebê”, diz Zilza, que guerreiramente sobreviveu a derrames e trombose. Já Nympha se vira sozinha, toma conta de suas coisas e tranca tudo com sua chave. “Não mexo nas coisas dos outros, pra não mexerem nas minhas”, argumenta espirituosa. E não toma remédio. “Antes, o remédio que eu tomava era Bavária. E pra não dizer que não tenho nada, disse pro médico: ‘tenho cinco filhos’”. Dona Zilza cai na gargalhada.

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