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Notícias / Cidades

Rede de supermercados vai ao Acre e traz 41 haitianos a MT

De Rondonópolis - Débora Siqueira

Quarenta e um haitianos foram trazidos de Brasileia (AC) pela rede de supermercados Big Master para treinamento na central da empresa em Rondonópolis. Parte deve continuar na cidade e os demais serão encaminhados para trabalhar nas outras filiais em Campo Novo do Parecis, Nova Olímpia e Tangará da Serra. “Foi uma forma humanitária que encontramos em ajudar os refugiados”, comentou o gerente de Recursos Humanos do grupo, Osvaldo Rodrigues.

Mas o fato também gerou críticas de alguns setores de que a contratação de haitianos poderia causar desemprego à população local. O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Valdemir Castilho, ponderou que apesar de ser uma ajuda humanitária, ele pensa na geração de empregos local. “Fiquei um pouco decepcionado. Demos um incentivo de R$ 150 mil (fazendo a terraplanagem da obra) e queremos os empregos para a população de Rondonópolis. O problema é [o risco] de se demitir pessoas daqui e abrir vagas para os haitianos”.

O gerente de recursos humanos do Big Master disse que nenhum dos dois mil funcionários da rede em quatro municípios foi demitido. Só em Rondonópolis são 439 trabalhadores. A vinda dos haitianos não representa a saída de ninguém. “Nem estávamos precisando de mais pessoas. Foi só uma forma de ajudar os refugiados. São 41 empregos apenas, é só uma forma contribuição aos haitianos dando-lhes oportunidade”.

Ele também disse estranhar a cobrança de que teria acordo com a prefeitura de Rondonópolis. “Nós investimentos mais de R$ 10 milhões na construção da loja. Esse serviço de terraplanagem foi uma forma de dar as boas-vindas ao grupo. Não temos nenhum acordo, nenhuma obrigação contratual. Pelo contrário, os impostos que geramos em ICMS são revertidos para o município”.

A Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho (MPT) fizeram inspeção na loja e constataram que a situação dos haitianos é legal. Conforme Rodrigues, eles falam espanhol e francês. “A população de Rondonópolis tem sido muito gentil doando livros para que aprendam português mais rápido, sendo solícita em ajudar”.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Viriato Bispo Seabra, disse que se há legalidade nas contratações não vê nada demais em trazer refugiados para a cidade. “Como essas pessoas iriam sobreviver no país se não for trabalhando? Iriam para a marginalidade. O Haiti sofreu muito com problemas naturais e a cidade de Rondonópolis é de todos”.
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