Imprimir

Notícias / Política MT

Agosto do 'cachorro louco': Mensalão e Pagot e Silval em CPI de Cachoeira

Da Redação - Jonas da Silva

Para quem duvida que o mês de agosto é cheio de energias negativas na vida das pessoas, e até chamado de mês do "cachorro louco", não imagina a tensão que reserva na política mato-grossense neste mês acusações de corrupção das autoridades e o papel de políticos do Estado.

- Silval Barbosa pode ser convocado para depor na CPMI do Cachoeira

- Pagot revela ter sido vítima de "ação palaciana" para desligá-lo do DNIT

- 'Não existem provas', diz advogado do deputado Pedro Henry

Pelo menos três assuntos nacionais vão mexer com a eleição em Cuiabá e a imagem de políticos locais a partir da semana que vem. Os temas estarão na mídia e no debate dos cidadãos, com o julgamento do Mensalão (classificado pelas revistas semanais como o julgamento do século) e as convocações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira no Congresso Nacional.

O caso do Mensalão terá momentos de deliberação a partir da segunda quinzena de agosto e início de setembro, justamente no momento crítico e decisivo da campanha eleitoral.

A comissão investiga atos de corrupção de funcionários públicos e de executivos da empresa Delta junto ao governo federal e estaduais.

A CPMI se torna mais reflexiva para Mato Grosso pelo fato de ter o senador Pedro Taques (PDT) como um dos membros titulares. Além de que no STF há um ministro mato-grossense, Gilmar Mendes, que votará no processo do Mensalão.

Personagens

No caso da investigação parlamentar, a pedido do deputado federal Filipe Pereira (PSC-RJ), a CPMI deve decidir em sessão se convoca ou não o governador de Mato Grosso, Silval Barbosa ((PMDB). O governador apoia a candidatura do médico Lúdio Cabral (PT) a prefeito de Cuiabá.

Silval Barbosa pode ser chamado pelos indícios encontrados na investigação da Polícia Federal de que o contraventor Carlinhos Cachoeira poderia ser beneficiado com algum ato de corrupção para comandar a loteria do Estado (Lemat).

Outro caso foi a revelação de gravações da Polícia Federal de que Cachoeira teria interesse em vender serviços de mailing eletrônico para propaganda eleitoral ao governador Silval Barbosa e o prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB).
Silval já negou os dois casos e diz não conhecer e nem ter feito reunião com ele, assim como o prefeito de Cuiabá.

O relator da CPMI, deputado federal Odair Cunha (PT-MG) já definiu como prioridade a convocação do ex-diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, já na primeira quinzena de agosto. A comissão já aprovou a convocação dele.

Pagot foi homem de confiança e secretário da gestão do ex-governador e senador Blairo Maggi e, assim como Pedro Taques, apoia o candidato do PSB à Prefeitura de Cuiabá, empresário Mauro Mendes.

Cachoeira foi preso no final de 2011 com a operação Monte Carlo da Polícia Federal.

Mensalão

No Mensalão, o foco que chama a atenção da política mato-grossense é o deputado federal Pedro Henry (PP) como réu no julgamento do Supremo Tribunal Federal (ST) que começa na próxima quinta-feira, dia 2. Ele é um das 38 pessoas da alta cúpula da República brasileira que respondem pelos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

De acordo com a programação divulgada pela direção do STF, a defesa do advogado de Pedro Henry deve ser feita no dia 8 de agosto, uma quarta-feira. No dia 2, o início do julgamento se dará com a leitura do relatório do proceso do ministro Joaquim Barbosa e posterior acusação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Os ministros começam a votar sobre o processo em sessões no STF a partir de meados de agosto.

O Mensalão é considerado o principal escândalo de corrupção do primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e consistia no desvio de recursos públicos e fraudes de contratos para formar caixa para comprar apoio de parlamentares no Congresso Nacional a favor do governo petista, com pagamento de um valor mensal a eles.

O ex-presidente nacional do PTB, ex-deputado federal Roberto Jefferson denunciou o esquema do Mensalão e acabou como réu.

Em todos esses casos de desvios de autoridades de Mato Grosso, qualquer manobra diversionista conta como ponto para amenizar o desviar a atenção da imagem negativa das autoridades.

"Todos os políticos já começaram a rezar para que um bom desempenho do Brasil nas Olimpíadas chame a atenção e faça as pessoas esquecerem um pouco da política", comenta um líder político que pede anonimato.

Assim como Henry, figuram como réus no processo o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto, o ex-secretário da Secretaria de Comunicação da Presidência, Luiz Gushiken, o marqueteiro do presidente Lula em 2002, Duda Mendonça, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, homem forte do governo em 2005, quando foi deflagrado o caso.

Além do ex-presidente do PT na época, José Genoíno e do ex-presidente da Câmara dos Deputados no período, João Paulo Cunha (PT-SP).

Outros ingredientes

Emblemático, o julgamento do Mensalão tem série de ingredientes que paracem ter sido extraídos de filmes de suspense.

Um deles é que um dos ministros do STF que votam, Gilmar Mendes, foi denunciado na sexta-feira (27) pela revista Carta Capital de ser beneficiário com recurso do caixa dois da campanha à reeleição do ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. O ministro nega a acusação.

Outro detalhe é que o ministro Cezar Peluso se aposenta compulsoriamente no dia 3 de setembro por completar 70 anos. Ou seja, bem no período de decisão do caso no STF.

Para completar o roteiro cinematográfico de julgamento do Mensalão, o ministro José Antonio Dias Toffoli já foi advogado do PT e advogado-geral da União na gestão de Lula. Ele pode se declarar impedido no processo.
Imprimir