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Julgamento do Mensalão começa hoje no STF e define futuro de 38 réus e versão oficial sobre escândalo

De Brasília - Marcos Coutinho, Catarine Piccioni, Vinicius Tavares

O julgamento do Mensalão começa nesta quinta-feira (02) no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, definindo o futuro de 38 réus e começando a escrever a história oficial do que é considerado por muitos o maior caso de corrupção da história política do Brasil.

Serão julgados e podem acabar na cadeia alguns dos homens mais poderosos e temidos do país no passado recente, como José Dirceu e Marcos Valério, assim como também estarão em julgamento duas explicações completamente diferentes sobre o que aconteceu no início do governo Lula, com milhões de reais que circularam na cúpula do poder: um esquema inédito em que o governo federal comprou no atacado o apoio de partidos no Congresso, ou simplesmente mais um mecanismo, ilegal mas igual a muitos outros, de pagamento de campanhas eleitorais por meio de caixa 2.

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A abertura do julgamento está marcada para as 14h, de Brasília, no primeiro dos mais de 30 dias previstos para as sessões. A expectativa é que os 11 ministros do STF que decidirão o caso só divulguem todas as sentenças em setembro. As equipes do Olhar Direto e do Olhar Jurídico estarão acompanhando todos os detalhes em tempo real do julgamento do mensalão, com cobertura minuto a minuto, direto de Brasília.

Os dois atores principais deste primeiro dia serão o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no Supremo, que lerá um resumo do caso, e o procurador geral da República, Roberto Gurgel, que terá cinco horas para fazer a acusação contra os 38 réus. Ele deve pedir a condenação de 36 dos acusados, a absolvição de dois deles, e o reconhecimento de que os crimes aconteceram de forma organizada, como uma quadrilha coordenada por três núcleos: um político, um operacional e um financeiro.

Defesa dos réus

A partir desta sexta-feira, falarão os advogados dos réus, que terão um hora para defesa, cada um, em uma fase que terá a duração de duas semanas.

A denúncia entregue em 2007, acolhida pelo STF e transformada na Ação Penal 470, coloca frente a frente o procurador geral da República e alguns dos advogados mais renomados do país, como Márcio Thomaz Bastos, José Luis de Oliveira Dias e Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay).

Os 38 acusados devem responder por peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e fraude, crimes pelos quais podem pegar penas de até 45 anos de prisão. As primeiras sentenças devem ser anunciadas em meados de setembro.
Segundo denúncia da PGR, o empresário Marcos Valério e alguns parceiros de primeira ordem intermediaram o saque aos cofres públicos e irrigaram contas de políticos, empresários e servidores públicos corruptos. 

Os acusados deverão responder por um sofisticado plano para compra de apoio político no Congresso Nacional e prestar contas da campanha eleitoral de 2002, que levou Lula ao poder, segundo a Procuradoria Geral da República. 

"Recursos não contabilizados"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi excluído do caso. Orientado pelo então ministro da justiça Márcio Thomaz Bastos, ele alegou que nada sabia. O Partido dos Trabalhadores defendeu que, apesar de errado, o que estava acontecendo era apenas mais um esquema de pagamento de contas de campanhas por meio de "recursos não contabilizados".

Um crime, sim, mas um crime eleitoral comum a quase todos os partidos em quase todos os governos de qualquer esfera no país.

O presidente se salvou, acabou se reelegendo e deixou o governo como um dos mais populares governantes da história do Brasil, mas no caminho caíram muitos de seus aliados mais próximos e a cúpula do PT.

Foram afastados um a um grandes aliados do ex-presidente, como o ex- ministro da Casa Civil, José Dirceu, considerado o mentor do mensalão, o ex-deputado José Genuíno, o deputado João Paulo Cunha, o tesoureiro Delúbio Soares, entre outros petistas e apoiadores.

Mato Grosso terá um deputado federal em julgamento: Pedro Henry (PP-MT), acusado de corrupção passiva, um dos acusados de terem feito parte do esquema, recebendo dinheiro para seu partido.

O julgamento que começará nesta quinta-feira deve se estender pelo mês de agosto e por parte de setembro, às vésperas da eleições municipais, e seus efeitos podem influenciar ainda as eleições de 2014.

Com certeza, influenciará a forma como os brasileiros enxergam seu passado recente e suas próprias instituições.

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