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Valor da tarifa vai decidir continuidade ou não do VLT e Taques já admite mudar para BRT

Da Reportagem Local - Ronaldo Pacheco

 A constatação de mais de 600 irregularidades nas obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) teria sido o principal indício de erro na escolha do modal de modernização do transporte público da Grande Cuiabá. A avaliação partiu do governador José Pedro Taques (PDT), ao argumentar que é o valor da tarifa a ser apurado por um profundo estudo técnico é que irá determinar sobre a continuidade ou não das obras do VLT. O valor da tarifa pode variar entre R$ 6 até R$ 10 – valor muito distante da realidade.

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Em conversa com jornalistas,  Pedro Taques  admitiu  que existe a possibilidade de o governo voltar ao antigo projeto do Bus Rapid Transit (BRT), o primeiro escolhido pela extinta Agência da Copa do Pantanal (Agecopa) como modal de transporte da Grande Cuiabá. O governador deixou por conta do Gabinete de Projetos Estratégicos  do Estado e que deve ser entregue  após o carnaval.
 
Além disso, o governador reconhece a possibilidade de  existência de superfaturamento na obra, dado que só deve ser constatado em relatório feito pela Controladoria Geral do Estado (CGE), programado para ser concluído em  28 deste mês.
 
Desde que foi eleito, Taques tem repetido que deseja  concluir o VLT. Todavia, argumenta que vários fatores precisam ser levados em consideração e um deles é o valor da tarifa.
 
O problema é que o Estado, sob o comando do então governador Silval Barbosa (PMDB), gastou mais de R$ 1 bilhão, sendo cerca de R$ 500 milhões apenas na aquisição dos vagões do VLT. Os vagões estão armazenados em  pátio inadequado, nas imediações do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande, sendo deteriorados ao relento.
 
Pedro Taques revelou que  o secretário Gustavo Oliveira, extraordinário de Projetos Estratégicos, está analisando se seria possível fazer a troca pelo BRT, sem maiores prejuízos para a sociedade. Caso a alteração  se concretize, o governo terá voltado ao modelo inicial proposto pelo então governador e hoje senador Blairo Maggi (PR), em 2009, quando Cuiabá foi definida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, pela Fifa. Em 2010, por razões políticas, optou-se pelo VLT.
 
O governador  chegou a elogiar Maggi por defender o BRT e observou, em inúmeras ocasiões, que  a obra do VLT será o maior escândalo que Mato Grosso já teve e reforçou este discurso em entrevista coletiva na manhã de ontem. “Quem já ouviu falar numa obra que não se desviou um centavo, no Brasil? Imagine uma obra de R$ 1,47 bilhão? Temos uma bomba chamada VLT”, criticou o chefe do Poder Executivo de Mato Grosso.
 
Pedro Taques justificou que a empresa responsável por fiscalizar a obra constatou 600 irregularidades e apesar de algumas terem sido consertadas, muitas outras foram ‘ignoradas’ pelo governo Silval Barbosa. “Como não viram 600 irregularidades?”, questionou o atual governador.
 
Sempre lembrando que “se fosse do Ministério Público Federal” estaria investigando a fundo, ele tenta não apontar culpados pelo ‘mico’ do VLT. “É certo que quem roubou tem de ser responsabilizado. Mas não é o governo quem faz isso, mas, sim, a Polícia e o Ministério Público”, pontuou.
 
O atual governador lembrou que, na época em que Silval Barbosa alterou o modal, somente ele e Maggi   defenderam a fiscalização rigorosa e relatou ter acionado todas as entidades competentes para supervisionar a obra. “Na época, eu ‘apanhei’ demais da imprensa. Fui muito criticado. O tempo provou as razões”, emendou.
 
Ao  autorizar, por decreto,  nesta semana, a retomada das obras da Copa, Pedro Taques tomou o cuidado de deixar de fora a exceção do VLT,   ainda  sob análise do Gabinete de Projetos Estratégicos. Dentre as obras que devem ser retomadas estão as dos Centros Oficiais de Treinamento (COT) da Barra do Pari, em Várzea Grande, e na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). 
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