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Cantareira: após três meses, segunda cota do volume morto é recuperada

R7

A primeira boa notícia para o Sistema Cantareira chegou nesta terça-feira (24). As chuvas dos últimos dias e a economia dos consumidores fizeram o nível do reservatório chegar a 10,7% hoje. Isso significa que a segunda cota do volume morto — água que fica abaixo das comportas — foi recuperada. Mas a crise está longe de acabar. Ainda precisam entrar mais 982,07 bilhões de litros de água (18,5%, da primeira cota) para que o principal manancial que abastece a região metropolitana saia do negativo.

A Sabesp começou a bombear a segunda cota do volume morto na metade de novembro. Essa reserva tem 105 bilhões de litros e duraria somente até março, caso as chuvas continuassem abaixo da média, como aconteceu em janeiro.

O processo de recuperação do manancial, responsável pelo abastecimento de mais de 6 milhões de pessoas, deve ser lento. Isso porque a partir de abril começa o período seco. A expectativa é de que as chuvas sejam regulares, pelo menos, até o fim de março, o que poderia evitar o racionamento no meio do ano.

Dados da Sabesp mostram que, do mês passado até hoje, caiu a quantidade de água retirada do Cantareira. O R7analisou números dos dias 18, 19 e 20 de janeiro e comparou com as mesmas datas de fevereiro. Em média, todos os dias estão saindo 6.000 litros por segundo a menos dos reservatórios. A quantidade de água que entra aumentou mais de dez vezes, devido à chuva.

Somente volumes de chuva acima da média, como o que ocorreu este mês, podem recuperar o Sistema Cantareira mais rapidamente. A professora do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP Maria Assunção Faus Silva Dias diz que há previsão de chuva para as próximas duas semanas.

— Haverá um período chuvoso. Além dessas duas semanas, a gente não tem como prever. Em São Paulo, é bastante difícil fazer uma previsão estendida, teria um nível de acerto muito baixo.

Segundo ela, março costuma ser um mês em que as chuvas diminuem, mas ainda há uma esperança.

— Historicamente, nós tivemos vários casos em que março choveu mais do que fevereiro. Porém, para aliviar a crise hídrica, teria que ter chovido acima da média em vários meses. Não foi o que aconteceu em dezembro e janeiro. Essa chuva de agora pode ser até um paliativo, mas não resolve.

Como não dá para contar apenas com a chuva, a Sabesp corre para fazer obras emergenciais na tentativa de garantir água durante todo o ano. Uma delas é a interligação do rio Juquiá, a 70 km da capital, com o Sistema Guarapiranga. Serão acrescentados ao manancial mais 1.000 litros por segundo, suficientes para atender 300 mil pessoas. Os trabalhos deverão ser concluídos até julho, ao custo de R$ 75 milhões. Outra obra, entregue em 27 de janeiro, foi a ampliação da transferência de água do córrego Guaratuba para o Sistema Alto Tietê, somando mais 500 litros por segundo. 
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