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Paris se prepara para a pior inundação do século

RFI

A partir desta segunda-feira (7) até o dia 18 de março, o nível do Rio Sena vai subir diariamente 50 centímetros e Paris vai ficar debaixo d'água. O cenário, por enquanto, faz parte de uma simulação de uma imensa inundação da capital francesa. Apesar de fictícia, as autoridades trabalham com a possibilidade que uma enchente possa acontecer a qualquer momento.

A simulação tenta reproduzir a enchente de 1910, a pior já vivida em Paris. O objetivo do treinamento, que começa nesta segunda-feira, é preparar a capital francesa e seus moradores para um eventual transbordamento do Rio Sena.

Organizada pela prefeitura de Paris, em parceria com a União Europeia, a imensa simulação tem várias etapas e será realizada até o dia 18 de março. Ela conta com o apoio de 87 empresas e instituições, mobilizará cinco regiões, além de 150 policiais, 900 salva-vidas e vários hospitais de Paris. A Espanha, a Bélgica, a Itália e a República Tcheca também participam com o envio de observadores e especialistas.

Embora a população esteja cética quanto ao acontecimento de uma nova enchente, as autoridades têm certeza de que a situação voltará a se produzir, e afetará direta ou indiretamente 5 milhões de habitantes, comprometendo a rede de transportes, água e eletricidade, telefonia, além dos serviços de saúde.

A única incerteza sobre a futura grande inundação é quando exatamente ela acontecerá. "O objetivo não é criar pânico, mas conscientizar sobre o risco e incentivar os habitantes a se preparar e a tomar medidas", no caso de uma enchente voltar a inundar Paris, explicou o secretário de segurança da capital, Michel Cadot, ao jornal Le Monde.

Cenário de catástrofe

A simulação prevê a inundação do museu do Louvre, do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, e até mesmo do prédio onde funciona a RFI. Durante duas semanas, a operação, chamada de Sequana, vai testar o bom funcionamento de todos os serviços de emergência da capital.

No treinamento, à medida em que o rio transborda, as ruas são inundadas e a circulação é cortada. Milhares de residências ficam debaixo d'água, o abastecimento de energia elétrica é interrompido, não há mais água potável e os hospitais funcionam no limite de sua capacidade. No cenário catástrofe, a enchente atingiria seu auge no próximo fim de semana, quando 500 km2 da região parisiense estariam inundados.

O gerenciamento da situação fica a cargo da prefeitura de Paris, onde a célula de crise supervisiona e coordena os serviços de emergência. Além do socorro, é preciso proteger as redes de energias, mas também as centrais de dados numéricos ou a distriuição de alimentos.

Enchente implicaria perda de € 30 bilhões

Outra questão importante tratada pelos especialistas durante a simulação é a economia do país, diz em entrevista à RFI a geógrafa Magali Reghezza, autora do livro "Paris coule-t-il?" (Paris está afundando?, em tradução livre). Como Paris é o centro de comando das finanças da França, uma imensa inundação poderia ter sérias consequências para a economia do país.

De acordo com Reghezza, em um cenário catástrofe tal qual o reproduzido a partir desta segunda-feira, o país poderia perder € 30 bilhões, correspondentes a dois pontos do PIB da França.
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