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Foto de menino sírio é lembrete dos horrores inimagináveis da guerra, diz UNICEF

NaçõesUnidas.org

A foto de Omran Daqneesh, o menino sentado sozinho em uma ambulância com o rosto e o corpo coberto de sangue e sujeira após ter sido resgatado de um edifício destruído na Síria, é um lembrete para o mundo dos horrores inimagináveis da guerra que as crianças sírias enfrentam todos os dias, disse nesta sexta-feira (19) um porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

“Nenhuma criança na Síria estará segura enquanto o conflito continuar”, disse Christophe Boulierac, porta-voz do UNICEF, em coletiva de imprensa em Genebra, ao se referir à foto que ficou famosa nas redes sociais esta semana e chamou a atenção mundial para o sofrimento em Alepo, segunda maior cidade do país.

“Mais de 3,7 milhões de crianças sírias com menos de 5 anos não conhecem outra coisa a não ser o deslocamento, a violência e a incerteza”, acrescentou o porta-voz, descrevendo a situação desesperadora enfrentada pelas crianças e milhões de pessoas em necessidade de ajuda humanitária na Síria e nos países vizinhos.

De acordo com o UNICEF, a situação em Alepo continuou se deteriorando nas últimas duas semanas. Está particularmente crítica para civis vivendo no leste da cidade, onde as torneiras secaram e a população, incluindo aproximadamente 100 mil crianças, depende de água dos poços potencialmente contaminados por matéria fecal.

Graves confrontos e uma escalada da violência desde o início do mês também impedem técnicos de consertarem os sistemas de água e eletricidade severamente danificados.

Em meio a esse cenário, a agência da ONU entregou 300 mil litros de combustível para estações de bombeamento de água no oeste de Alepo, atendendo cerca de 1,2 milhão de pessoas. Também distribuiu tabletes de purificação de água e 4 milhões de litros de água potável via caminhões diariamente. No entanto, esses suprimentos “não foram suficientes nem são a solução”, disse Boulierac.

“É crítico para o UNICEF ser capaz de chegar a todas as partes atingidas pela guerra e fornecer o máximo de assistência necessária”, disse, reiterando o pedido da agência para que todos os lados no conflito autorizem imediatamente acesso seguro para que técnicos realizem consertos urgentes para retomar o fornecimento de água e eletricidade.

Na mesma coletiva de imprensa, Bettina Luescher, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), disse que a agência está profundamente preocupada com a situação em Alepo e que, durante a semana, conseguiu alimentar 20 mil pessoas no leste da cidade. Ela declarou que, em junho, 30% dos alimentos foram destinados a áreas controladas pela oposição.

O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, comemorou informações sobre a retirada de 39 pessoas, incluindo crianças, das áreas isoladas de Fouah, noroeste da Síria, e Madaya, sudoeste do país. As evacuações foram promovidas pelo Crescente Vermelho Árabe Sírio. “Apesar de ser um passo positivo, outras áreas permanecem isoladas, com pessoas precisando de comida e assistência médica”, declarou.

Ele reiterou que, em alguns lugares, comboios não foram autorizados a entrar por mais de 110 dias. O enviado da ONU acrescentou que também há informações de falta de comida e outros serviços em cidades como Darayya, subúrbio da capital, Damasco.
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